Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC13.10 - PERSPECTIVAS ETÁRIAS NA DETERMINAÇÃO DA SAÚDE

42326 - MULTIMORBIDADE E INTERSECCIONALIDADE: ESTUDO LONGITUDINAL DE SAÚDE DOS IDOSOS BRASILEIROS (ELSI-BRASIL), 2019-2021
BRUNO PEREIRA NUNES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, GRÉGORE IVEN MIELKE - THE UNIVERSITY OF QUEENSLAND, AUSTRALIA, JULIANA LUSTOSA TORRES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, DORALICE SEVERO DA CRUZ TEIXEIRA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SANDRO RODRIGUES BATISTA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS E SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE GOIÁS, FABÍOLA BOF DE ANDRADE - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, MARIA FERNANDA LIMA-COSTA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS E FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ-MG, LUIZ AUGUSTO FACCHINI - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS


Apresentação/Introdução
No processo de envelhecimento, o efeito de desigualdades sociais na ocorrência da multimorbidade (MM) apresenta resultados variáveis segundo aspectos socioeconômicos. Tal resultado pode ser decorrente da análise de efeitos independentes das variáveis em estudo. A avaliação da interseccionalidade (efeitos multiplicativos) de condições sociais pode ser útil para melhor compreensão dessa associação.

Objetivos
Avaliar a ocorrência de MM segundo a interseccionalidade de sexo, cor da pele, escolaridade, renda familiar e valor de bens entre pessoas brasileiras com 50 anos ou mais de idade.

Metodologia
Estudo nacional (onda 2 do ELSI-Brasil), com amostra representativa da população com 50 anos ou mais. MM foi avaliada pela presença de 16 morbidades (cardiometabólicas, respiratórias, musculoesqueléticas e relacionadas à saúde mental), operacionalizada em três pontos de corte: ≥2, ≥5, número de morbidades. A interseccionalidade foi construída pela soma de variáveis que expressam graus de privilégio. O índice varia de zero (homens, brancos, alta escolaridade, maior tercil de renda e de valor de bens) a oito (mulheres, preta-pardas-amarelas-indígenas, baixa escolaridade, menor tercil de renda e de valor de bens). Calculou-se as prevalências (ajustadas por idade) segundo a interseccionalidade.

Resultados
Entre os 9949 participantes do estudo, 8225 indivíduos compuseram a amostra analítica (informações completas para índice de privilégio e MM). Desses, metade era do sexo feminino e se autodeclaram de cor da preta ou parda. Um terço tinha menos de 4 anos de estudo. Metade (53%) tinham ≥2, 8% tinham ≥5 e o número médio de morbidades foi de 1,94. A ocorrência da MM foi maior quanto menor o grau de privilégio para as três operacionalizações, com relação-dose resposta. A variação entre mais e menos privilegiados foi de 39% a 63% para ≥2; 3% a 19% para ≥5; e 1,5 a 2,6 para número de morbidades. As diferenças entre os extremos do índice de privilégio foram amplas.

Conclusões/Considerações
A MM apresentou diferentes ocorrências segundo a interseccionalidade, sinalizando as marcantes iniquidades sociais observadas no Brasil. A avaliação dos múltiplos problemas de saúde segundo interseccionalidade permitiu a visualização do efeito multiplicativo das desigualdades em saúde no envelhecimento, algo ainda pouco explorado na literatura. Assim, torna-se relevante o olhar equitativo para o enfrentamento da MM.