23/11/2022 - 13:10 - 14:40 CC13.9 - SAÚDE, VIOLÊNCIA E PRIVAÇÃO DA LIBERDADE |
39369 - A PREVALÊNCIA DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA-PSICOLÓGICA NA ATENÇÃO AO PARTO E PERDA FETAL PRECOCE: RESULTADOS PRELIMINARES DO ESTUDO “NASCER NO BRASIL 2” RAFAELLE MENDES DA COSTA - UFRJ, TATIANA HENRIQUES LEITE - UERJ, EMANUELE SOUZA MARQUES - UERJ, MARCOS PEREIRA NAKAMURA - FIOCRUZ, MARIA DO CARMO LEAL - FIOCRUZ, MARÍLIA ARNDT MESENBURG - FIOCRUZ
Apresentação/Introdução Estudos sobre a violência obstétrica (VO) vêm crescendo na última década, mostrando que é uma questão de saúde pública, seja pela sua magnitude ou por suas consequências. No Brasil, são poucos os estudos de base populacional ou hospitalar com o objetivo de estimar a prevalência de violência obstétrica em puérperas de parto e de perda fetal precoce, sendo uma importante lacuna na literatura.
Objetivos Estimar a prevalência de violência obstétrica do tipo psicológica em puérperas de parto e perda fetal precoce no Brasil.
Metodologia Trata-se de dados preliminares de uma coorte perinatal de abrangência nacional chamada “Nascer no Brasil 2”, que está sendo realizada entre 2021/2022. A amostra total envolve cerca de 24.000 mulheres de parto e 3.000 mulheres de perda fetal precoce de 456 maternidades em todas as regiões do Brasil. As mulheres são entrevistadas na maternidade em virtude do parto ou perda fetal e, posteriormente, dois segmentos por telefone são realizados: o primeiro entre 45 e 60 dias após o parto/perda fetal e o segundo por volta de 120 dias após o parto/perda fetal, momento onde a VO é abordada. A VO foi mensurada através de um questionário específico proposto pela OMS traduzido para o português/Brasil.
Resultados Até o momento, foram entrevistadas 1.047 mulheres, sendo 967 de parto e 80 de perda fetal precoce. A prevalência de violência obstétrica do tipo psicológica em mulheres de parto foi de 23,3%. Entre as vítimas, 47% relataram que a violência ocorreu de forma intraparto e 60% afirmaram que o perpetrador da violência foi o profissional de enfermagem. Já a prevalência de violência entre as mulheres de aborto foi de 35%. Entre as acometidas, 35,7% relataram que a violência ocorreu durante a internação e 52% indicaram o profissional de enfermagem como o principal perpetrador.
Conclusões/Considerações Mesmo com dados preliminares, já é possível observar que a violência obstétrica do tipo psicológica é frequente tanto para mulheres de parto quanto para as mulheres de perda fetal, sendo as últimas ainda mais vulneráveis. Por isso, é necessário que existam políticas públicas para mitigar esse problema, permitindo um cuidado qualificado e atencioso às mulheres no decorrer do período gravídico-puerperal.
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