23/11/2022 - 08:30 - 10:00 CC13.8 - IDENTIDADE E SAÚDE: INVISIBILIDADE E INFORMAÇÃO |
43289 - USO DA CATEGORIA RAÇA/COR EM INQUÉRITOS POPULACIONAIS NA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO LARISSA DE LIMA ALVES - UFRJ, LUANA TEIXEIRA GHIGGINO - UFRJ, ELOAH COSTA DE SANT ANNA RIBEIRO - UFRJ, ALINE ALVES FERREIRA - UFRJ
Apresentação/Introdução Os inquéritos populacionais são instrumentos que auxiliam na formulação e avaliação de políticas públicas, bem como na construção de indicadores de saúde. A raça/cor é um marcador de posição social e seu uso em pesquisas de base populacional e censos é um instrumento fundamental, que proporciona a visibilidade e o rastreio das condições de vida, saúde e nutrição de grupos raciais vulneráveis.
Objetivos Realizar uma revisão bibliográfica, acerca da presença e uso da variável raça/cor, em inquéritos populacionais no Brasil que abordaram temas relacionados à alimentação e nutrição.
Metodologia Realizou-se uma busca bibliográfica entre março e abril de 2021, com o objetivo de rastrear inquéritos epidemiológicos nacionais que incluíram a temática raça/cor e, alimentação e nutrição. Foram consideradas publicações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Ministério da Saúde, entre 1967 e 2018. Foram utilizados os descritores em saúde relacionados ao tema da Biblioteca Regional de Medicina. Os inquéritos foram avaliados segundo o ano da coleta de dados, o objetivo, a análise da categoria raça/cor na população, bem como a utilização das classificações e as investigações acerca da nutrição e/ou alimentação, na população alvo.
Resultados Dentre os 70 documentos localizados, apenas 67,1% (n=47) das edições incluíram a categoria raça/cor. O início da investigação ocorreu tardiamente, na PNAD 1987. Apenas em 1992 o segmento “indígena” pôde ser investigado, ao ser desassociado do grupo “pardo”. A partir disso, iniciou-se a classificação em "branco, preto, pardo, amarelo e indígena". A avaliação da raça/cor associada à nutrição, teve início na POF 2002-2003. A partir desta, outros temas começaram a ser associados à raça/cor, como a insegurança alimentar (PNAD 2004, 2009 e 2013; POF 2017-2018), o uso de fórmula infantil e aleitamento materno (PNDS 2006), o estado nutricional e o consumo alimentar (POF 2003-2003; VIGITEL 2018).
Conclusões/Considerações O uso da categoria raça/cor nos inquéritos, destaca as desigualdades raciais de cunho histórico, vivenciadas ao longo dos anos por segmentos minoritários. A lentidão para incluir esta investigação nas pesquisas, bem como para criação da opção “indígena”, pode ter potencializado a invisibilidade social e mascarado as condições nutricionais desfavoráveis acerca dos segmentos minoritários como pretos, pardos e indígenas.
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