Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC13.7 - POPULAÇÃO VULNERABILIZADA E INIQUIDADES EM SAÚDE

44109 - SAÚDE SEXUAL ENTRE ADOLESCENTES NEGRAS DE UM BAIRRO POPULAR DE SALVADOR-BA: UMA ANÁLISE INTERSECCIONAL DE RAÇA/COR, GÊNERO E CLASSE SOCIAL
GISELE MARIA DE BRITO LIMA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA, NAIARA MARIA SANTANA NEVES - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA, SIMONE MONTEIRO - INSTITUTO OSWALDO CRUZ, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (IOC/ FIOCRUZ), DANIELA KNAUTH - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, LAIO MAGNO - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA


Apresentação/Introdução
As adolescentes negras de classes sociais populares estão mais expostas às desigualdades sociais e menor acesso aos serviços de saúde no que diz respeito à saúde sexual. Entretanto, ainda há escassez de pesquisas sobre o papel da interseccionalidade de marcadores sociais, como raça/cor, gênero e classe social, na saúde sexual de adolescentes negras de bairros populares.

Objetivos
Esta pesquisa buscou compreender o papel de marcadores sociais de raça/cor, gênero e classe social na saúde sexual entre adolescentes negras em um bairro popular de Salvador-Ba.

Metodologia
Pesquisa qualitativa, recorte do estudo “Contextos de vulnerabilidade ao HIV entre jovens de camadas populares: um estudo multicêntrico em cinco cidades do Brasil - Espaços Jovens”, que visa analisar os contextos de exposição ao HIV de jovens de 15 a 19 anos de comunidades de Porto Alegre, São Paulo, Salvador, Manaus e Rio de Janeiro. Neste trabalho, foram incluídos dados de Salvador, referente a 16 entrevistas com adolescentes autodeclaradas negras residentes em um bairro popular de Salvador-Ba, entre maio e dezembro de 2021. Todas as entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas pela análise de conteúdo temática.

Resultados
Algumas entrevistadas vivenciaram situações de racismo, enquanto outras referiram não perceber ou terem visto apenas com outras pessoas. A percepção a respeito de morar em um bairro popular é variada: enquanto algumas o consideram um local seguro, outras tem medo da “criminalidade”. Neste bairro, os “paredões”, que são festas de rua, aparecem como a única ou principal opção para entretenimento e paquera pela maioria, porém há o relato de medo de incursões policiais violentas. Em relação à vulnerabilidade de gênero, há relatos sobre violência sexual praticada por homens conhecidos, bem como violência física paterna e o medo do estupro ao andar pelas ruas.

Conclusões/Considerações
O racismo está presente no cotidiano das entrevistadas, seja experenciado ou presenciado em situações diversas. No bairro, a exposição à violência afeta a segurança e o direito ao entretenimento. A cultura machista arraigada submete as meninas negras à opressão e violência. Nesse sentido, observa-se que os marcadores sociais de raça, classe social e gênero possuem um papel importante na saúde sexual, produzindo situações de vulnerabilidade.