23/11/2022 - 08:30 - 10:00 CC13.6 - SAÚDE DAS MULHERES, CUIDADO E REDES |
40913 - ZIKA, CUIDADO E GÊNERO: PROPOSIÇÃO DE UM MODELO ANALÍTICO À LUZ DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE INCAPACIDADE E SAÚDE FERNANDA REIS - UFBA, SILVIA DE OLIVEIRA PEREIRA - UFRB, LUCIANA CASTANEDA - IFRJ, CARLOS TELES - UFBA E IGM/FIOCRUZ-BA, SILVIA FERRITE - UFBA
Apresentação/Introdução O cuidado é vital, porque a dependência humana não é uma circunstância excepcional, todavia é marcado pela desigualdade de gênero, como é o caso do contexto da Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZ). Existem lacunas na caracterização dessa experiência a partir de um contexto sistêmico, considerando diferentes domínios da vida da cuidadora relacionados com a experiência social da deficiência.
Objetivos Caracterizar o ecossistema de funcionalidade mobilizado pelo cuidado no contexto da SCZ, a partir de um modelo analítico baseado na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) e do Modelo Bioecológico de Bronfenbrenner.
Metodologia O estudo de abordagem qualitativa, inscrito no paradigma construtivista-interacionista, foi realizado a partir de entrevistas com 12 mães e 1 avó, cuidadoras de crianças com SCZ, realizadas no contexto do Projeto Juntos (uma proposta da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres em parceria com a UFBA e com o IFF/RJ). Com vistas a estruturação do modelo analítico, empregou-se a metodologia de análise de conteúdo para identificação de categorias da CIF nas narrativas. A partir daí, foi empreendida a verificação de coocorrência de categorias com o uso do Software MAXQDA, o que possibilitou a visualização de processos interativos mais constantes no ecossistema mobilizado pelo cuidado.
Resultados A análise das entrevistas à luz da CIF e do Modelo Bioecológico revelou impactos nas funções mentais, autocuidado e conhecimentos e conceitos das cuidadoras. Além de um conjunto de sistemas proximais (ambiente doméstico e serviços de saúde) e distais (normas e ideologias sociais de gênero e capacitistas e insuficiência de sistemas e políticas públicas) que estavam conectados a diferentes componentes de funcionalidade, revelando que os prejuízos experimentados pelas mulheres nesse papel extrapolam a dimensão individual.
Conclusões/Considerações As evidências sugerem a urgência de estruturação de políticas relativas ao cuidado, para proteção de quem cuida e redistribuição desse trabalho, assim como para o enfrentamento barreiras atitudinais e de acesso a serviços. Ademais, reforçam a necessidade de superação do enfoque científico na morbidade psiquiátrica desse público, com incorporação de aspectos socio estruturais relacionados ao cuidar no âmbito da política, da clínica e da pesquisa.
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