23/11/2022 - 08:30 - 10:00 CC13.6 - SAÚDE DAS MULHERES, CUIDADO E REDES |
39547 - IMPACTOS PSICOSSOCIAIS DA ESTERILIZAÇÃO DE MULHERES COM O DISPOSITIVO ESSURE® NO PLANEJAMENTO REPRODUTIVO JULIANE RODRIGUES VIEIRA - IESC - UFRJ, LILIAN MARIA BORGES GONZALEZ - UFRRJ, ELAINE REIS BRANDÃO - IESC - UFRJ
Apresentação/Introdução Além da esterilização mediante laqueadura tubária, o dispositivo intratubário Essure® para controle definitivo da reprodução foi ofertado às mulheres, no período de 2009 a 2017, no planejamento reprodutivo de hospitais públicos brasileiros. O dispositivo, apresentado como inócuo, eficaz e de fácil manejo clínico, provocou efeitos colaterais significativos, sendo alvo de denúncias graves.
Objetivos Objetivou-se compreender os impactos psicossociais do adoecimento provocado pela esterilização com o Essure®, cuja comercialização foi interrompida pela Bayer em 2017, na vida de mulheres submetidas ao procedimento no Brasil.
Metodologia Trata-se de uma investigação qualitativa cuja análise documental se apoiou nos depoimentos de mulheres usuárias do dispositivo, os quais foram obtidos em dois vídeos de audiências públicas e um chat disponíveis no YouTube, com foco em seus relatos acerca das reações adversas causadas pelo Essure®. Para seleção dos vídeos, estes precisavam ter relatos diretos e voluntários de mulheres que vivenciaram a referida esterilização, sendo o material audiovisual de amplo acesso público e de, no mínimo, cinco minutos de duração. O instrumento utilizado foi um protocolo de registro elaborado para as finalidades da pesquisa no qual os relatos eram transcritos e organizados em categorias temáticas.
Resultados Como resultados, os impactos biopsicossociais vivenciados por elas foram agrupados em sete categorias temáticas: (1) Deslegitimação – temer atribuição do sofrimento a fatores alheios ao Essure®; (2) Desqualificação – ressentir-se de atitudes negativas por parte de profissionais da saúde; (3) Dano percebido – sentir-se prejudicada e enganada; (4) Desvalorização – sentir-se como cobaia e vítima de tecnologia “inovadora”; (5) Desamparo – ter sensação de abandono por não haver acompanhamento clínico pós-inserção; (6) Desconfiança – sentir-se sem fé no sistema público de saúde, e (7) Identificação – sentir-se pertencente a um grupo de mulheres vítimas do mesmo procedimento.
Conclusões/Considerações Nesse sentido, o estudo possibilitou ampliar a voz dessas mulheres, que tantas vezes foram silenciadas, e trazer uma melhor compreensão das experiências de sofrimento por elas vivenciadas. Ademais, evidenciou a necessidade de um atendimento contínuo à essas usuárias na rede pública de saúde, para retirada do dispositivo de seus corpos e acompanhamento dos problemas de saúde por ele provocados.
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