Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC13.4 - SAÚDE E LUTAS SOCIAIS: POVOS ORIGINÁRIOS, QUILOMBOLAS, POPULAÇÃO NEGRA

39488 - MARCHA DAS MARGARIDAS: DIREITO À SAÚDE E RESISTÊNCIA EM TEMPOS DE CRISE
ALINE OLIVEIRA CARDOSO - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, MARIA DO SOCORRO DE SOUZA - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - BRASÍLIA


Apresentação/Introdução
A Marcha das Margaridas é, desde sua concepção, de resistência. Para ter garantido seu direito à saúde, as mulheres rurais dependem quase que exclusivamente dos serviços de saúde ofertados pelo Sistema Único de Saúde. No atual contexto de regressão e retirada de direitos, as margaridas marcharam, em 2019, em defesa da saúde pública e contra a política de extermínio chancelada pelo governo federal.

Objetivos
Identificar como o direito à saúde e a defesa do SUS foram abordados nos documentos da Marcha das Margaridas 2019 e como o tema foi debatido pelas mulheres durante o processo de construção e realização da Marcha, desde o território até Brasília.

Metodologia
Pesquisa qualitativa com análise documental e entrevistas semiestruturadas. A análise documental focou nos cadernos preparatórios da Marcha e na Plataforma Política construída pela Marcha das Margaridas. Foram realizadas 9 entrevistas com lideranças responsáveis pela organização da marcha; sendo 2 com lideranças da coordenação nacional e 7 com as coordenações regionais da marcha (2 do Nordeste, 2 do Norte, 1 do Centro-Oeste, 1 do Sudeste e 1 do Sul do país).

A indicação e o contato com as entrevistadas foram feitos através da FIOCRUZ Brasília e da Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Rurais).


Resultados
Os resultados indicam sentimento de medo e insegurança frente às incertezas, aumento das dificuldades de acesso aos serviços de saúde nos municípios e críticas ao desmonte de programas e políticas de saúde.

O desmonte do Programa Mais Médicos apareceu na fala das 7 entrevistadas regionais como sendo um dos fatores agravantes à situação de saúde no interior do país. Segundo a coordenação nacional, a imediata revogação da EC 95 era a pauta de saúde mais importante da marcha de 2019.

Como solução, além do fortalecimento do controle social na saúde, apresentam à sociedade uma plataforma política que articula um conjunto de proposições para um Brasil com vida digna no campo e na cidade.


Conclusões/Considerações
Ao longo de 20 anos de existência a Marcha das Margaridas assumiu várias estratégias de resistência. O comprometimento das margaridas pela defesa do direito à saúde e do SUS insere-se, assim como proposto pelo Movimento da Reforma Sanitária Brasileira, num projeto de um país com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência; articulado ao desenvolvimento sustentável e solidário.