21/11/2022 - 13:10 - 14:40 CC13.3 - DESIGUALDADES SOCIAIS E INTERSSECIONALIDADE NA SAÚDE |
42094 - DESIGUALDADES RACIAIS NA MORTALIDADE DE CRIANÇAS DE 1 À 59 MESES NO BRASIL E SEUS FATORES DE RISCO: UMA ANÁLISE DE MAIS DE 13 MILHÕES DE NASCIDOS VIVOS POLIANA REBOUÇAS - CIDACS/FIOCRUZ, SHEILA REGINA - CIDACS/FIOCRUZ E UEFS, DANDARA RAMOS - CIDACS/FIOCRUZ E UFBA, SAMILA SENA - CIDACS/FIOCRUZ, EMANUELLE GOES - CIDACS/FIOCRUZ, JULIA PESCARINI - CIDACS/FIOCRUZ E LSHTM/UK, ENNY PAIXÃO - CIDACS/FIOCRUZ E LSHTM/UK, ILA FALCÃO - CIDACS/FIOCRUZ, MARIA YURY ICHIHARA - CIDACS/FIOCRUZ E UFBA, MAURÍCIO BARRETO - CIDACS/FIOCRUZ E UFBA
Apresentação/Introdução Embora o declínio da mortalidade na infância no Brasil entre 2001 e 2015 tenha sido acompanhado por reduções nas disparidades geográficas e de renda, em comparação às crianças brancas, as indígenas, pretas e pardas ainda morrem mais. O racismo é determinante das condições de vida e saúde das pessoas, tendo papel fundamental na definição da classe social a qual os indivíduos pertencem.
Objetivos Investigar as disparidades na mortalidade entre filhos de mães indígenas, pretas e pardas em relação às brancas, bem como quais características do nascimento e os fatores socioeconômicos explicam tais disparidades.
Metodologia Coorte desenvolvida com a vinculação de nascidos vivos entre 1º de janeiro de 2001 e 31 de dezembro de 2015 do Sistema de Informações de Nascidos Vivos,com o baseline da Coorte de 100 Milhões de brasileiros e registros de mortalidade.Os nascidos vivos foram acompanhados do 30º dia do nascimento até o quinto aniversário,morte ou 31 de dezembro de 2015.Calculamos razões de hazard (HRs) bruta e ajustada usando modelos de regressão de Cox,comparando a mortalidade por todas as causas de acordo a raça/cor materna.Calculamos a porcentagem de excesso de risco mediado para estimar quais características do nascimento e socioeconômicas contribuíram para o aumento do risco de morte em cada grupo étnico.
Resultados Entre crianças de 1 a 59 meses (13350540 nascidos vivos), o HR bruto dos filhos de indígenas em relação aos de brancas foi 2,72 (95% IC 2,49-2,98). 3% do excesso de risco de óbito entre filhos de indígenas em relação aos de brancas é explicado por diferenças no nascimento (sexo, peso ao nascer e idade gestacional), enquanto 26% foi explicado adicionalmente pelos fatores socioeconômicos (escolaridade da mãe e IDH municipal). Entre filhos de pretas em relação aos de brancas, o HR bruto foi 1,24 (1,19-1,30). O excesso de risco de óbito entre filhos de negras em relação aos de brancas é explicado 13% por diferenças do nascimento e 21% quando também levados em conta os fatores socioeconômicos.
Conclusões/Considerações Mesmo entre crianças que vivem em contexto socioeconômico semelhante,observa-se desigualdades raciais em saúde,sobretudo entre indígenas e pretas em relação às brancas.Os fatores socioeconômicos explicam uma porcentagem maior destas desigualdades. Políticas capazes de reduzir as desigualdades raciais devem ser foco (sobretudo a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra),como estratégia para reduzir mortalidade de crianças no Brasil.
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