21/11/2022 - 13:10 - 14:40 CC13.3 - DESIGUALDADES SOCIAIS E INTERSSECIONALIDADE NA SAÚDE |
41736 - DIFERENÇAS RACIAIS NA DENSIDADE MAMOGRÁFICA NO BRASIL: IMPLICAÇÕES PARA O RASTREAMENTO MAMOGRÁFICO. LIGIA GABRIELLI - SESAB - ISC/UFBA, SARA GHADERI - DGPHPC/UIB/NO, MARIA DA CONCEIÇÃO CHAGAS DE ALMEIDA - IGM/FIOCRUZ, SHEILA MARIA ALVIM DE MATOS - ISC/UFBA, EMANUELLE GÓES - CIDACS/FIOCRUZ, GREICE MARIA DE SOUZA MENEZES - ISC/UFBA, LORENA CHRISTIANE FONSECA ALMEIDA - SESAB - PPG-IGM/FIOCRUZ, MARIA CECÍLIA GNOATTO - HUPES/UFBA, ISABEL DOS SANTOS SILVA - LSHTM/UK, ESTELA MARIA LEÃO DE AQUINO - ISC/UFBA
Apresentação/Introdução A densidade mamográfica (DM), aspecto importante que pode ser avaliado na mamografia por diversos métodos, é um dos biomarcadores mais fortes de suscetibilidade ao câncer de mama e importante determinante da sensibilidade, aumentando resultados falsos negativos e cânceres de intervalo entre os exames de rastreamento.
Objetivos Este estudo examinou pela primeira vez as diferenças raciais da densidade mamográfica no Brasil.
Metodologia Foram estudadas 555 mulheres da Bahia (215 do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto - ELSA-Brasil e 340 usuárias do SUS), que responderam entrevistas estruturadas e tiveram altura e peso aferidos. Realizaram mamografia digital bilateral em 2 incidências. A DM foi medida na incidência mediolateral oblíqua esquerda usando o software semiautomático Cumulus, e foi expressa como a percentagem da área da mama ocupada por tecido fibroglandular (PDM). Modelos de regressão linear foram construídos para avaliar a associação entre raça e PDM minimamente ajustado para idade, IMC e lote de leitura e, posteriormente, para variáveis reprodutivas e socioeconômicas.
Resultados Entre as participantes, 169 eram mulheres pretas (Pt), 270 pardas (Pd) e 95 brancas (Br), com média de 58 anos de idade (5,4 DP). Elas se diferenciaram quanto à escolaridade superior (Pt-19,5%; Pd-16,7%; Br-28,4%) e à nuliparidade (Pt-10,7%; Pd-8,9%; Br-11,6%), variáveis relacionadas à maior PDM. Na análise minimamente ajustada, a PDM foi 20% maior em mulheres Pt (1,20; 1,02-1,41), quando comparadas às Br e 23% (1,23; 1,04-1,46) quando ajustada para variáveis reprodutivas. Não foram alcançados níveis de significância estatística para as Pd no ajuste para variáveis reprodutivas e para nenhum dos grupos estudados, quando se fez o ajuste para variáveis socioeconômicas.
Conclusões/Considerações As diferenças raciais na PDM mostradas neste estudo indicam potenciais variações na sensibilidade mamográfica, sendo as mulheres pretas mais propensas a apresentar taxas mais altas de exames falso-negativos e de câncer de intervalo. Essas são mulheres que vivenciam barreiras no acesso aos serviços de saúde decorrentes das desigualdades sociais e esses achados podem potencializar desfechos de morbimortalidade mamária.
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