Comunicação Coordenada

21/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC13.3 - DESIGUALDADES SOCIAIS E INTERSSECIONALIDADE NA SAÚDE

39986 - DESIGUALDADES DE SEXO E RAÇA NA INATIVIDADE FÍSICA DE LAZER: O CASO DA MULHER NEGRA
LHAIS DE PAULA BARBOSA MEDINA - UNICAMP, MARGARETH GUIMARÃES LIMA - UNICAMP, MARILISA BERTI DE AZEVEDO BARROS - UNICAMP


Apresentação/Introdução
A inatividade física no lazer (IFL) é um fator de risco para a ocorrência de doenças, especialmente as metabólicas e cardiovasculares. Entretanto, espaços e equipamentos adequados, recursos financeiros e tempo para a prática de atividade física não estão igualmente disponíveis para os segmentos populacionais, reforçando a importância de estudos que elucidem as desigualdades neste comportamento.

Objetivos
Estimar a prevalência e as razões de prevalências de inatividade física no lazer segundo grupos de raça e sexo (homem branco, mulher branca, homem negro, mulher negra) e conhecer as interações entre raça e sexo na prevalência de IFL.

Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, de base populacional que analisou amostra representativa de pessoas com 10 anos ou mais (n=3.021), residentes em Campinas-SP (ISACamp-2014/15). A variável de desfecho foi ser inativo no contexto de lazer, obtida do IPAQ. Comparou-se as prevalências da inatividade física segundo sexo, estratificadas por raça/cor da pele autorreferida, categorizada em brancos e negros (pretos + pardos). Foram calculadas as Razões de Prevalência ajustadas por idade comparando todas as categorias de sexo e raça por meio de regressões múltiplas de Poisson. Testou-se também a interação entre sexo e raça na prevalência de IFL.

Resultados
Observou-se que 52,7% nos homens brancos, 55,9% nas mulheres brancas, 48,1% nos homens negros e 67,7% nas mulheres negras eram inativos no lazer. Entre os brancos, não houve desigualdade de sexo e entre os homens, não houve desigualdade de raça na IFL. Mas na população negra, as mulheres apresentaram prevalência 37% maior de IFL que os homens. Adicionalmente, observou-se prevalência 24% e 31% maior de IFL nas mulheres negras em relação à população branca do sexo feminino e masculino, respectivamente. Na análise de interação multiplicativa, verificou-se que ser mulher e ser negra aumenta 31% a probabilidade de ser inativa no contexto de lazer.

Conclusões/Considerações
Observou-se que a IFL afeta de forma desigual os grupos estudados, e as mulheres negras são o segmento mais prejudicado. Este estudo se soma às evidências que apontam os prejuízos da mulher negra nas diversas dimensões da saúde e reforça a necessidade de que as ações e políticas de promoção da atividade física de lazer considerem as questões de interseccionalidade para identificar e contemplar os grupos amplamente vulneráveis.