Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC13.2 - POPULAÇÃO LGBTQIA+, CUIDADO E DIREITOS HUMANOS NA SAÚDE - 2

43800 - INIQUIDADES ÉTNICO-RACIAIS NO USO DE TESTE DE HIV ENTRE ADOLESCENTES HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS, TRAVESTIS E MULHERES TRANS EM TRÊS CAPITAIS BRASILEIRAS
MARCUS FRANÇA - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA, UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA, LAIO MAGNO - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA, UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA. INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA., ALEXANDRE GRANGEIRO - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, INÊS DOURADO - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (ISC-UFBA)


Apresentação/Introdução
Homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres trans (TrMT) são populações-chave para epidemia de HIV no mundo, especialmente quando jovens. E pessoas negras são prioritárias para prevenção combinada ao HIV no Brasil. Estudos têm evidenciado barreiras de acesso à testagem do HIV nestas populações, devido ao racismo e à discriminação por orientação sexual, entre outros.

Objetivos
Analisar associação entre a testagem do HIV e raça/cor de pele entre adolescentes HSH e TrMT, de 15 a 19 anos, em três capitais brasileiras.



Metodologia
Estudo transversal, com dados da linha de base do estudo PrEP1519, que oferta profilaxia pré-exposição ao HIV para HSH e TrMT entre 15 e 19 anos, que relataram relações sexuais de maior risco ou vulnerabilidade ao HIV, sem contraindicação clínica, em Salvador, São Paulo e Belo Horizonte. O desfecho foi ter feito teste de HIV na vida. A categoria raça/cor foi autodeclarada e analisada comparando-se negros e brancos, e, posteriormente, pardos e pretos. Realizou-se análise descritiva, bivariada com teste de 2 de Pearson e regressão logística para estimar odds ratio ajustado (ORa) e intervalos de 95% de confiança (IC). Utilizou-se potenciais variáveis de confusão para ajuste do modelo final.

Resultados
Observou-se que adolescentes brancos realizaram mais teste de HIV na vida, do que negros (74,0% vs 54,0%, p=0,001). Quando raça/cor de pele foi desagregada, verificou-se gradação da frequência, com menor proporção de testagem, entre os pretos (56,9%-pretos, 58,1%-pardos e 63,9%-brancos, e, p=0,003). Na análise multivariada, os negros tiveram 33% menor chance de ter se testado, do que brancos (aOR=0,67, IC:0,51-0,90), com ajuste para: idade, escolaridade, trabalho, morar com a família, desconhecimento da mãe sobre orientação sexual, sexo comercial e sexo anal desprotegido.

Conclusões/Considerações
A menor proporção de testagem de HIV entre adolescentes HSH e TrMT negros sugere barreiras de acesso à serviços de testagem e prevenção, podendo estar associada a iniquidades acentuadas pelo racismo na sociedade e em instituições de saúde. Nesse sentido, recomenda-se educação permanente para os profissionais de saúde e fortalecimento de políticas para reduzir as diferenças na testagem nessa população.