22/11/2022 - 08:30 - 10:00 CC13.2 - POPULAÇÃO LGBTQIA+, CUIDADO E DIREITOS HUMANOS NA SAÚDE - 2 |
40217 - EXPERIÊNCIAS DE DISCRIMINAÇÃO ENTRE MINORIAS SEXUAIS E DE GÊNERO NO BRASIL: O PESO DO RACISMO PARA PRETOS LUCILENE ARAUJO DE FREITAS - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, THIAGO SILVA TORRES - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, DANIEL RODRIGUES BARROS BEZERRA - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, LUANA M. S. MARINS - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, BRENDA HOAGLAND - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, VALDILÉA VELOSO - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, BEATRIZ GRINSZTEJN - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, PAULA MENDES LUZ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Apresentação/Introdução As minorias sexuais e de gênero (MSG) estão expostas à experiências recorrentes de discriminação. Tais experiências influenciam diretamente no acesso à saúde e na qualidade da atenção recebida o que implica em impacto negativo sobre a saúde do indivíduo. Adicionalmente, a discriminação pode advir de outros eixos de desigualdade, como de raça ou classe social.
Objetivos No presente, avaliamos a frequência e os motivos das experiências de discriminação entre os MSG brasileiros e exploramos como a raça, um eixo da desigualdade, influencia a interpretação das experiencias vividas.
Metodologia Estudo transversal online entre MSG com 18 anos ou mais, residentes no Brasil, recrutados em redes sociais (Facebook/Instagram) e aplicativos de encontros (Grindr/Hornet/Scruff) entre novembro/2021 e janeiro/2022. Utilizou-se a Escala de Discriminação Explícita (EDS) de 18 itens que avalia a frequência de experiências de discriminação sofridas no dia a dia com opções de resposta: Nunca [0], Uma/duas vezes [1], Muitas vezes [2], Sempre [3]. O escore de discriminação foi calculado pela soma das respostas dos 18 itens (intervalo 0-54, pontuações mais altas = mais experiências de discriminação). Adicionalmente, para cada um dos 18 itens, exploramos o motivo principal da discriminação por raça.
Resultados Dos 8.464 participantes, 4.961 (59%) eram Brancos, 2.174 (26%) Pardos e 1.024 (12%) Pretos. A média de idade foi de 37 anos, 98% eram homens cisgêneros, 74% tinham ensino superior. Os escores da EDS (média/desvio padrão) foram maiores entre Pretos (11,3/8,4) [Pardos (8,1/6,8), Brancos (6,7/5,9)]. Pretos relataram mais discriminação no acesso à saúde (19%, Brancos 11%, Pardos 13%) e mais violência física (18%, Branco 11%, Pardo 13%). Dos 18 itens, Pretos relataram raça como principal motivo da discriminação em 15 itens. Em contrapartida, a orientação sexual ou classe social foram selecionadas como o principal motivo por Brancos e Pardos para todos os itens.
Conclusões/Considerações No Brasil, onde a discriminação (homofobia e transfobia) de MSG é frequentemente vivida, nossos resultados mostram que MSG Pretas sofrem mais discriminação do que outras raças. Além disso, o racismo, mais do que a homofobia, foi percebido como o principal motivo da discriminação entre os participantes Pretos. O reconhecimento do impacto da desigualdade racial de MSG é necessário para garantir justiça social e equidade no acesso à saúde.
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