Sessão Assíncrona


SA12.6 - EPIDEMIOLOGIA, DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E SAÚDE (TODOS OS DIAS)

41992 - MORBIMORTALIDADE HOSPITALAR POR DOENÇA DE CHAGAS EM ÁREA ENDÊMICA NO NORDESTE DO BRASIL: DESAFIOS PARA O ACESSO À SAÚDE
GABRIELA SOLEDAD MÁRDERO GARCÍA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ELIANA AMORIM DE SOUZA - INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR EM SAÚDE, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - CAMPUS ANÍSIO TEIXEIRA, ANDREIA HEITOR MARTINS DA CUNHA LEITE - UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA, ANDERSON FERREIRA FUENTES - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ROBSON AMARO AUGUSTO DA SILVA - INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR EM SAÚDE, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - CAMPUS ANÍSIO TEIXEIRA, ANDREA SILVESTRE DE SOUSA - INSTITUTO NACIONAL DE INFECTOLOGIA EVANDRO CHAGAS, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, RONIR RAGGIO LUIZ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA, ALBERTO NOVAES RAMOS JR. - DEPARTAMENTO DE SAÚDE COMUNITÁRIA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL


Apresentação/Introdução
A Doença de Chagas (DC) é a Doença Tropical Negligenciada (DTN) com maior carga de morbimortalidade no Brasil. No entanto, segue como condição crônica negligenciada, com limitada priorização como problema de saúde pública. A análise dos Sistemas de Informação em Saúde tem o potencial de dimensioná-la e de possibilitar a identificação das possíveis barreiras de acesso para o planejamento em saúde.

Objetivos
Caracterizar a magnitude, o perfil sociodemográfico e clínico, além das tendências temporais da morbimortalidade por DC em ambiente hospitalar, para pessoas residentes no estado da Bahia, região Nordeste do Brasil, ao longo do período de 2000 a 2020.

Metodologia
Estudo de base populacional estadual, com desenho ecológico misto, por análise temporal e espacial. Foram utilizados dados do Sistema de Internação Hospitalar (SIH) tendo a DC como causa primária ou secundária de IH ocorridas de 2000 a 2020 no estado da Bahia. Foram analisadas as IH globais por DC (taxa de internação hospitalar), assim como aquelas que tiveram como desfecho o óbito (taxa de letalidade hospitalar). Adicionalmente, foram analisados via Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), todos os óbitos cuja causa básica e/ou associada estava relacionada à DC (taxa de mortalidade por DC). As tendências temporais foram analisadas por meio de regressão de Poisson por pontos de inflexão.

Resultados
Identificou-se um total de 1.091 IH por DC (0,36/100.000 hab.), 12,9% (141, 0,05/100.000 hab.) com evolução para óbito na internação. Comprometimento digestivo (352, 40,7%) foi mais frequente. No SIM, houve 15.243 óbitos por DC (5,04/100.000 hab.), diferença de 99,1% (15.102) entre sistemas. No SIM, a DC crônica com cardiopatia foi mais frequente (10.210; 83,0%). Houve maior proporção de internação e óbito no sexo masculino, com 50-69 anos e raça/cor parda. Verificou-se tendência de redução de internações por DC (Variação percentual anual [APC] -1,6; IC95% -3,2 a -0,1), além de aumento da letalidade hospitalar (APC 5,2; IC95% 1,5 a 9,0) e da mortalidade específica (APC 1,1; IC95% 0,4 a 1,9).

Conclusões/Considerações
Há elevada carga de morbimortalidade por DC em ambiente hospitalar no estado da Bahia, a despeito da redução da taxa geral de internação em sua maioria pela forma digestiva. Há expressivo aumento da letalidade hospitalar e da mortalidade específica pela doença, com destaque para cardiopatia. A análise integrada pode indicar barreiras de acesso no SUS, reafirmando a necessidade de implementação de políticas para a atenção à DC no estado da Bahia.