SA12.6 - EPIDEMIOLOGIA, DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E SAÚDE (TODOS OS DIAS)
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41456 - MANEIRA DE MORRIR: DEVENDANDO O MECANISMO DA MORTE MIRLA RANDY BRAVO FERNANDEZ - UNICAMP, RICARDO CARLOS CORDEIRO - UNICAMP
Apresentação/Introdução Do ponto de vista biomédico, o mecanismo de morte é uma série de alterações fisiopatológicas ou distúrbios bioquímicos causados pela causa da morte. Mas nas mortes violentas, os mecanismos e as circunstâncias revelam um cenário que vai além do nível fisiológico. Eles revelam problemas na dinâmica social e a necessidade de soluções.
Objetivos Descrever os principais mecanismos e circunstâncias da morte dos residentes falecidos por causas violentas no Município de Campinas.
Metodologia Trata-se de um estudo descritivo baseado em dados de um bem-sucedido estudo de campo de 2019 no município de Campinas. Foram realizadas entrevistas principalmente com familiares ou contatos próximos das vítimas que morreram de maneira violenta. A estrutura do instrumento de pesquisa incluiu questões sobre a história de vida e a situação social do morto. Os atributos dos falecidos foram estudados, com particular atenção à identificação dos mecanismos e circunstâncias da morte. Primeiro foram calculadas as frequências absolutas e relativas das variáveis socioeconômicas, comportamentais e de lazer relacionadas aos falecidos. Após disso foram analisados os detalhamentos dos eventos que levaram a morte.
Resultados Através da autopsia verbal. Foram entrevistados 552 familiares, amigos ou conhecidos do falecido. Os principais mecanismos de morte identificados foram: quedas (29,3 %), armas de fogo (18,7 %) e colisões (10,1 %). As quedas (53,1 %) foram o mecanismo mais comum entre as mulheres seguidas dos enforcamentos (10,9 %) e afogamentos (5,4 %). Para os homens, foi dominado pelo uso de arma de fogo (24,4 %), quedas (20,7 %) e colisão (12,6 %). Quanto à cor da pele, a maioria dos brancos morreu por quedas (38,9 %); diferente aos negros (pardos e pretos) mortos por arma de fogo (29,8 %). Além disso foram encontradas disparidades entre os atributos sociais dos óbitos e as circunstâncias que cercaram a morte.
Conclusões/Considerações Constata-se que há desigualdades marcantes nos mecanismos de morte entre os falecidos em Campinas. E que existem métodos como a autopsia verbal que podem ajudar a elucidar a morte. Aliás, considerar o problema das mortes violentas como uma questão que extrapola o escopo de responsabilidades do setor saúde. Em sínteses, pode-se concluir que conhecer os detalhes da morte pode revelar problemas existentes que não são sentidos apenas no plano físico.
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