Sessão Assíncrona


SA12.6 - EPIDEMIOLOGIA, DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E SAÚDE (TODOS OS DIAS)

38834 - OS EFEITOS (DE SENTIDOS) DA HIDROXICLOROQUINA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 NO BRASIL: APONTAMENTOS PRELIMINARES DE UMA PESQUISA DE DOUTORADO
DEIVSON MENDES SANTOS - UFBA, MARIA LÍGIA RANGEL SANTOS - UFBA


Apresentação/Introdução
O uso da hidroxicloroquina para a realização do chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19 marca uma controvérsia que vem atravessando a pandemia no Brasil. A partir da cobertura midiática do Jornal Folha de São Paulo (JFSP), observamos o que as disputas de sentidos sobre a eficácia biomédica desta intervenção podem nos revelar pela construção discursiva de diferentes perspectivas de Saúde.

Objetivos
Analisar a construção discursiva dos sentidos e práticas da Saúde a partir da cobertura midiática do Jornal Folha de São Paulo (JFSP) sobre o uso da hidroxicloroquina para "tratamento precoce" à Covid-19 no Brasil (2020-2022).

Metodologia
Em levantamento de textos do gênero “notícia” utilizando os descritores “Covid-19 + Hidrocloroquina + Tratamento Precoce”, foram reunidas 257 matérias jornalísticas. Através de um roteiro de questões, estamos verificando como os cuidados individuais e coletivos em saúde são representados; como planejamentos e ações do Sistema Único de Saúde (SUS) para gestão e intervenção contra a Covid-19 estão sendo abordados; e as estratégias performativas de construção de "verdades” que são distribuídas entre as vozes explícitas ou implícitas no JFSP. Usando o software N-Vivo, observamos o corpus empírico com base teórico-metodológica da Análise Pragmática do Discurso e contribuições de Michel Foucault.

Resultados
Inicialmente, observamos uma frequência acentuada de publicações a partir dos desdobramentos da chamada “CPI da Covid”, que tinha como objetivo investigar possíveis irregularidades na gestão da pandemia no Brasil, entre os vários entes federais, estaduais e municipais do poder público - sobretudo, dos meses de abril a outubro de 2021. A mudança de concentração majoritária dos textos da editoria de “Equilíbrio e Saúde” à de “Política” indica os efeitos políticos que a hidroxicloroquina agenda na esfera pública, através de mediações científicas realizadas por diversos atores institucionais de pesquisa e de intervenção governamental que protagonizam os embates em torno da pandemia de Covid-19.

Conclusões/Considerações
Será possível compreendermos os planos de representação do uso da hidroxicloroquina para a realização do chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19. A hipótese é que, se numa perspectiva explícita a eficácia biomédica parece estar em visibilidade hegemônica, em outros ângulos não tão “evidentes”, os conceitos e práticas de saúde engendrados numa lógica neoliberal são discursivamente construídos a partir da cobertura midiática do JFSP.