SA12.3 - COMUNICAÇÃO PÚBLICA E MOVIMENTOS SOCIAIS (TODOS OS DIAS)
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41753 - POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NA CRACOLÂNDIA: SENTIDOS PRODUZIDOS PELO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO CARLOS EDUARDO ABBUD HANNA ROQUE - UNINTER. SMS GUARULHOS, IGOR LACERDA - UERJ. LACON-UERJ. BOLSISTA CAPES
Apresentação/Introdução Este trabalho evidencia como o jornalismo, especialmente a Folha de São Paulo, produz sentidos sobre a população em situação de rua. Além disso, problematiza como as narrativas jornalísticas sobre a migração da Cracolândia (SP) tratam majoritariamente da segurança pública, ignorando, na maioria das vezes, que este tema diz respeito à saúde pública e assistência social.
Objetivos Este artigo tem o intuito de analisar reportagens da Folha de São Paulo sobre a migração da Cracolândia (SP), em maio de 2022, para identificar e problematizar os sentidos produzidos sobre as pessoas em situação de rua, que podem ou não usar drogas.
Metodologia Em relação à metodologia, será utilizada a análise de narrativas de acordo com Ricoeur (1994). Este autor ajuda na compreensão das narrativas como cíclicas, quando buscam fixar o público nas mesmas visões sobre o mundo, ou espiraladas, trazendo perspectivas novas e, às vezes, conflitantes sobre o universo social. Os jornalistas e os leitores têm concepções pré-construídas sobre as pessoas em situação de rua. Assim, os leitores podem concordar com o jornal, reverberando os mesmos sentidos, ou discordar dele, produzindo novas significações. O periódico pode continuar elaborando as mesmas representações ou, por um retorno do público, mudar o que vem sendo representado.
Resultados No jornal, os sentidos sobre os moradores de rua são dicotômicos: são tratados com desprezo, discriminação e intolerância, e às vezes como merecedores de compadecimento, cuidado e assistência. Nas reportagens, esses cidadãos são culpabilizados por sua situação, uma forma de mitigar a responsabilidade do Estado com eles. Além disso, parte dos moradores de São Paulo reverbera os sentidos do jornal: as pessoas em situação de rua são culpabilizadas, tratadas como desordeiras e potenciais autoras de delitos. Incomodados com a existência da Cracolândia, clamam por endurecimento de leis e medidas repressivas pelo Estado, não cobrando igualmente por ações de promoção de saúde e assistência social.
Conclusões/Considerações Por fim, as narrativas produzidas pela Folha de São Paulo em relação à população em situação de rua que vive na Cracolândia são cíclicas: o foco está na demanda por segurança e ações coercitivas do Estado, desconsiderando, em muitos casos, a necessidade de promover saúde e assistência social – afinal, de forma geral, a ruptura familiar, o uso de álcool e drogas e o desemprego são os principais fatores que levam essas pessoas às ruas.
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