SA12.3 - COMUNICAÇÃO PÚBLICA E MOVIMENTOS SOCIAIS (TODOS OS DIAS)
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39180 - SUS MIDIÁTICO – 30 ANOS DE NARRATIVAS SOBRE O SUS NO JORNAL O GLOBO (1988-2018) IZAMARA BASTOS MACHADO - FIOCRUZ
Apresentação/Introdução Ao se reconhecer a força dos meios de comunicação no interior das sociedades, chamamos atenção para o fato de que construir um sentimento de pertencimento na sociedade brasileira em relação ao SUS, também perpassa pelo modo como a mídia narra o sistema. Esta comunicação refere-se aos resultados de tese defendida recentemente na ECO/UFRJ que analisou as narrativas sobre o SUS no jornal O Globo.
Objetivos Compreender de que modo o SUS, como objeto discursivo da imprensa, é colocado para ser reconhecido: as propostas de sentidos e de reconhecimento do que define e de como se qualifica o SUS. Busca-se a existência de um SUS Midiático.
Metodologia Para compreender a arquitetura das narrativas jornalísticas sobre o SUS Midiático, analisou-se textos publicados no jornal O Globo, entre os anos de 1988 e 2018. Metodologicamente buscamos identificar a materialidade dos textos, apontando a historicidade dos processos comunicacionais desenvolvidos na e através da imprensa. Nossas referências teóricas, nesse percurso, foram as contribuições teóricas de Mikhail Bakhtin, com foco nos conceitos de polifonia e dialogismo e na concepção dos discursos como lugares de lutas pelos sentidos. Também contribuiu para nossas análises, as reflexões de Reinhart Koselleck, em especial sua proposta de uma história dos conceitos e a noção de estratos do tempo.
Resultados Entre os anos de 1988 e 2018, nos meses de janeiro e setembro, localizou-se 490 textos no jornal que fizeram alguma menção ao SUS. Com o passar do tempo, foi possível observar um aumento considerável das ocorrências, indicando que com o decorrer dos anos o SUS passou a ganhar mais visibilidade na mídia. Tais discursos não são nem homogêneos, tampouco únicos. Estiveram ao longo de todos esses anos em diálogo com outros discursos, por vezes em consonância, outras vezes em desacordo. A imprensa não esteve, no decorrer desses 30 anos, apenas refletindo a realidade da saúde pública brasileira. A imprensa esteve atuando conjuntamente com diversos outros atores sociais na produção desses sentidos.
Conclusões/Considerações Há um tipo de SUS construído na mídia ao longo do tempo e a grande imprensa cristaliza sentidos sobre ele. Estudos em torno da historicidade dos processos comunicacionais contribuem para a compreensão do cenário atual da saúde pública no país e, também, para a elaboração de ações que garantam o seu futuro. Podemos afirmar o surgimento de um SUS Midiático que vem se consolidando e colaborando para a percepção que a população tem do sistema.
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