SA12.3 - COMUNICAÇÃO PÚBLICA E MOVIMENTOS SOCIAIS (TODOS OS DIAS)
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38959 - CONTAR A MINHA HISTÓRIA? NOSSA, QUE DIFÍCIL... NUNCA FIZ ISSO... FOMENTANDO A CONSTRUÇÃO NARRATIVAS EM UMA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA CRÍTICA NEIDE EMY KUROKAWA E SILVA - UFRJ, JOSÉ RICARDO DE CARVALHO MESQUITA AYRES - USP
Apresentação/Introdução Ao investigar-se as potencialidades das narrativas desde uma perspectiva problematizadora e crítica, esperava-se que o processo narrativo propiciaria a decodificação de diferentes contextos que vulnerabilizam o cuidado à saúde, bem como de respostas aos mesmos, mas deparou-se com um primeiro obstáculo na investigação: a dificuldade de narrar.
Objetivos Analisar a estratégia utilizada para facilitar a narração de histórias de vida, no contexto de uma pesquisa.
Metodologia Partiu-se do pressuposto de que a leitura de histórias propicia leituras da realidade, na dialética entre o si e o outro: ao ler/ouvir histórias, refletimos sobre as nossas próprias, expressando-as por meio de narrativas (Freire/Ricoeur). Construiu-se 2 histórias com cenários, personagens, valores, identidades de gênero, linguagem, compatíveis com o perfil do grupo participante da pesquisa, cuja trama envolvia diferentes situações de vida, incluindo o adoecimento, no caso, o diabetes. As dificuldades ou resistências em lerem as histórias, levou à necessidade de construir de dispositivos sonorizados com desenhos apenas sugestivos dos conteúdos das falas, evitando imposições à imaginação.
Resultados A leitura/escuta de histórias fictícias mostrou-se potente para estimular as narrativas dos participantes. As experiências dos personagens serviram como referências ou contrapontos às suas próprias histórias, incitando-os a concordar, criticar, compadecerem-se ou mesmo a emitirem conselhos a eles. As narrativas dos participantes emergiram no frutífero jogo entre identidades e alteridades. Na trama da história fictícia, que incluiu diferentes contextos de vulnerabilidades ao cuidado à saúde, os participantes elegeram aqueles que tocavam suas próprias experiências e expectativas, além das condições que teriam para responder a eles, ou não.
Conclusões/Considerações Vislumbrou-se o duplo potencial das narrativas, na leitura de histórias fictícias e no seu processo de construção. A leitura do texto fictício interpelou os participantes a contarem e a refletirem sobre suas próprias histórias e vulnerabilidades no cuidado à saúde. Contra a pobreza da experiência, enquanto incapacidade de narrar - um sintoma da modernidade, parece pertinente resgatar essa prática, ainda que recorrendo às suas linguagens multimidiáticas.
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