Sessão Assíncrona


SA12.1 - COMUNICAÇÃO, NOVAS MÍDIAS E SAÚDE (TODOS OS DIAS)

38932 - BRINCADEIRAS-ESPETÁCULO: REFLEXÕES SOBRE VÍDEOS COMPARTILHADOS ONLINE DE CRIANÇAS BRINCANDO
BÁRBARA MORAIS SANTIAGO FREITAS - IFF/FIOCRUZ, PAULA GAUDENZI - IFF/FIOCRUZ, BÁRBARA FONSECA DA COSTA CALDEIRA DE ANDRADA - NUPPSAM/IPUB/UFRJ


Apresentação/Introdução
O brincar é parte fundamental da saúde na infância e nas últimas décadas foi atravessado pelas novas tecnologias digitais, conformando novos modos de subjetivação. O YouTube é um dos espaços onde circulam desejos, comportamentos, brincadeiras, etc. Os vídeos de brincadeiras protagonizados por crianças e compartilhados online informam sobre a cultura lúdica e os modos de ser criança na atualidade.

Objetivos
Refletir sobre os modos de brincar presentes em vídeos compartilhados online e como estes dialogam com as mudanças sociais testemunhadas nos dias atuais.

Metodologia
Foi realizada uma busca com o termo “brincando” na ferramenta de busca da plataforma YouTube utilizando o navegador anônimo e com uma conta Google criada para a pesquisa. Os resultados foram organizados de acordo com a quantidade de visualizações. Foram assistidos 157 vídeos até chegar a 100 que cumpriam os seguintes critérios: a brincadeira ser o tema principal do vídeo e a presença de pelo menos uma criança brasileira envolvida diretamente na brincadeira. Inserimos em uma planilha dados dos vídeos, descrição da brincadeira e caracterização das pessoas. Por se tratar de um estudo em fase inicial, apresentamos aqui as primeiras impressões e reflexões sobre o material analisado.

Resultados
Nos vídeos, 49% há apenas uma criança protagonista, 45% duas e 6% com mais crianças. Destaca-se que muitos vídeos trazem em seus títulos a expressão “finge brincar” (no inglês, “pretend to play”). Observamos constantes interpelações à audiência, olhares para a câmera, inserções de elementos gráficos e uso de edição que explicitam que são imagens produzidas especialmente para o YouTube. A criança que assiste é convocada a “dar um like” e não a brincar junto, simulando uma interação. Por isso, entendemos que nos vídeos são exibidas "brincadeiras-espetáculo" que não introduzem a potência criativa e simbólica do brincar, estando relacionada fundamentalmente com a busca pela fama.

Conclusões/Considerações
Brincar é algo que requer tempo e encantamento, marcada pelo fim em si mesmo, o que é, aparentemente, diferente das brincadeiras nos vídeos analisados. A partir de nossas impressões iniciais e diálogo com outras pesquisas, nos vídeos vemos brincadeiras-espetáculos: construídas com atributos visíveis para serem legitimados por vários olhares e colonizadas por valores individualistas e consumistas que regem as mídias digitais