Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC12.5 - EPIDEMIOLOGIA PARA CONHECER E PREVENIR

44583 - MORBIMORTALIDADE HOSPITALAR POR DOENÇAS TROPICAIS NEGLIGENCIADAS NO BRASIL, 2000-2019
MAURICELIA DA SILVEIRA LIMA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, ANDERSON FUENTES FERREIRA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, SHEILA PALOMA DE SOUSA BRITO - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, GABRIELA SOLEDAD MÁRDERO GARCÍA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, ANTONIO LUCAS DELERINO - DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM, FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, ELIANA AMORIM DE SOUZA - INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR EM SAÚDE, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - CAMPUS ANÍSIO TEIXEIRA, VITORIA DA CONQUISTA, BAHIA, BRASIL, ANA CLAUDIA REZENDE BEZERRIL - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, ALBERTO NOVAES RAMOS JR. - DEPARTAMENTO DE SAÚDE COMUNITÁRIA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL


Apresentação/Introdução
As Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) representam um complexo problema de saúde pública no Brasil. Trata-se de um conjunto diversificado de doenças, responsável por elevadas cargas de morbimortalidade, levando a comorbidades, incapacidade física e deformidades visíveis, geradoras de preconceito, estigma, baixa qualidade de vida e produtividade com elevados custos a sistemas nacionais de saúde.

Objetivos
Caracterizar a magnitude e os fatores sociodemográficos associados à morbimortalidade hospitalar por DTN no Brasil e regiões, no período de 2000 a 2019.

Metodologia
Estudo ecológico, de base populacional nacional, a partir de dados relativos à morbimortalidade hospitalar por DTN em residentes no Brasil, de 2000–2019. Para análise da magnitude das Internações Hospitalares (IH) e dos óbitos associados à internação, considerou-se todos os registros de IH oriundos do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS). Para a caracterização da morbimortalidade hospitalar, foram analisados os indicadores de taxas brutas e ajustadas, por idade e sexo, com cálculo do Risco Relativo (RR), e seus respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%). Procedeu-se à distribuição espacial das taxas de IH e da letalidade (por 100.000 hab.) no país.

Resultados
Foram identificadas 1.564.180 IH por DTN, 19.462 (1,2%) evoluíram para óbito. As IH mais frequentes ocorreram em virtude de dengue (982.258, 58,7%) e envenenamento por picada de cobra (332.595, 19,9%). As causas de óbitos mais frequentes foram por dengue (4.828, 24,8%) e doença de Chagas (3.376, 17,3%). Sexo masculino (IH: 845.480, 54,1%, RR: 1,18, IC95% 1,16;1,19; óbitos: 11.504, 59,1% 1,45, IC95% 1,27;1,64) e idade ≥60 (IH: 253.128, 45,8%, RR 1,73, IC95% 1,69;1,77, óbitos: 8.909, 45,8%, RR 10,44, IC95% 8,41;12,96) apresentaram maiores proporções e RR para IH e óbitos. Houve distribuição heterogênea de IH e letalidade com maiores taxas verificadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Conclusões/Considerações
Evidenciou-se elevada magnitude de IH por DTN no Brasil, com uma significativa evolução para óbito envolvendo territórios e grupos populacionais de maior vulnerabilidade e risco. Ressalta-se a importância de implementação de ações integradas de atenção e vigilância das DTN no país, com ampliação de acesso a diagnóstico e tratamento oportunos para a redução da carga de morbimortalidade hospitalar, particularmente nas regiões de maior endemicidade.