Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC12.5 - EPIDEMIOLOGIA PARA CONHECER E PREVENIR

42265 - EVOLUÇÃO TEMPORAL DOS CASOS NOTIFICADOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL NO BRASIL E REGIÕES DE 2001 A 2020
TAYNARA LAIS SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC, ANDERSON FUENTES FERREIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC, AYMEE MEDEIROS DA ROCHA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC, ALBERTO NOVAES RAMOS JUNIOR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC


Apresentação/Introdução
A Leishmaniose Visceral (LV) insere-se no grupo de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS e com detecção em especial entre populações em situação de vulnerabilidade social. A análise de sua ocorrência no tempo em países endêmicos contribui para reconhecimento de áreas prioritárias, em termos epidemiológicos e operacionais, direcionando ações de controle para redução da morbimortalidade associada.

Objetivos
Descrever as tendências temporais das taxas de incidência de LV, tomando-se como referência os casos notificados e residentes no Brasil e suas regiões, ao longo do período de 2001 a 2020.

Metodologia
Estudo ecológico de base populacional nacional, com análise de série temporal, que analisou dados referentes aos casos de LV notificados de 2001 a 2020 no país e suas regiões. Os dados foram obtidos via Sistema de Informação de Agravos de Notificação, disponibilizados pelo DATASUS, de onde também foram extraídas as estimativas populacionais. Após a descrição das características sociodemográficas dos casos, procedeu-se à análise da tendência temporal da incidência da doença por meio de regressão por pontos de inflexão, calculando-se a Variação Percentual Anual (VPA) com os Intervalos de Confiança (IC) de 95%. Para a análise, utilizou-se o software Joinpoint Regression Program versão 4.6.0.0.

Resultados
Foram analisados 70.614 casos notificados de LV no Brasil, a maioria do sexo masculino (63,1%; n=44.554), de raça/cor parda (62,3%; n=44.001) e residentes de área urbana (67,2%; n=47.459). A análise do padrão temporal da incidência de LV não apresentou tendência temporal demarcada (VPA -2,1% IC 95% -5,2; 1,8). A regressão inseriu 2 pontos de inflexão (2001–2004, VPA 10,1 IC 95% -5,2; 27,8; 2004–2018, VPA -0,9 IC 95% -2,2; 0,5; 2018–2020, VPA -24,6 IC 95% -46,0; 5,1), indicando mudança de tendência ao longo do período estudado. A região Nordeste foi a que registrou mais casos entre as regiões do país (54,7%; n=38.428), apresentando tendência temporal de decréscimo (VPA -3,6 IC 95% -7,4; 0,4).

Conclusões/Considerações
A LV mantém-se com elevada carga de morbidade no Brasil, apesar da tendência não significativa verificada de redução da incidência de LV. Os diferentes padrões verificados entre as regiões do país indicam a necessidade de estratégias de vigilância e controle mais contextualizadas, considerando-se o perfil sociodemográfico identificado. Ressalta-se a importância da integração das ações de atenção primária no SUS para o alcance do controle efetivo.