22/11/2022 - 08:30 - 10:00 CC12.3 - DISCURSO, DISCURSOS NA PERSPECTIVA DE UM SUS MIDIÁTICO |
40489 - DISCURSO MIDIÁTICO E VALORIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NA PANDEMIA DE COVID-19: UM ESTUDO NA MÍDIA IMPRESSA ELIANE BARDANACHVILI - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Apresentação/Introdução O estudo é parte de uma pesquisa que visa identificar os efeitos de sentido produzidos sobre o SUS na mídia, após dois anos da pandemia de Covid-19, movida pela indagação quanto a uma confluência discursiva em favor do sistema e ao perfil discursivo desse SUS. Foram examinadas edições do jornal Folha de S. Paulo de 12/11/21 a 12/5/2022, buscadas pelos termos ‘SUS’ e ‘Sistema Único de Saúde’.
Objetivos - Identificar, nas menções ao SUS e sua frequência, práticas discursivas produtoras de sentidos sobre o sistema;
- Identificar designações atribuídas ao SUS e sentidos em disputa na materialidade, produzidos em diálogo com o contexto de crise sanitária.
Metodologia O estudo foi realizado a partir da leitura de 170 textos jornalísticos (matérias, artigos, editoriais e notas de colunas) com menção explícita aos termos ‘SUS’ ou ‘Sistema Único de Saúde’, em 117 edições da Folha de S, Paulo (12/11/21/a 12/5/22), extraindo-se 275 trechos trazendo um ou ambos os termos. Os trechos foram organizados em quatro grupos, pelo tipo de menção ao SUS (como sistema, serviço, instituição ou nomenclatura), trabalhando-se do ponto de vista da designação como processo de ordenação de sentido, orientados pela Semiologia dos Discursos Sociais, na relação dos textos com suas condições de produção, e por Verón, no convite ao afastamento das ‘hipóteses a priori’.
Resultados As menções ao SUS se deram com alta frequência e designação positiva, o que não se expressou, entretanto, em ‘protagonismo’ do sistema, mencionado a propósito de outros temas (Covid, doenças raras, Aids, mulher). A distribuição dos trechos pelos quatro grupos concentrou-se no SUS como Serviço. Destaca-se a designação positiva do SUS como recurso discursivo de contraposição ao governo federal, como na construção ‘gestores do SUS’, sujeito discursivo conformado pelo jornal como voz autorizada a esse fim. Designações negativas apareceram apenas em defesa da melhoria do sistema. Textos sobre planos de saúde e vacinação privada evidenciaram sentidos em disputa quanto ao SUS como projeto coletivo.
Conclusões/Considerações As condições de produção imediatas e sócio-históricas deixaram seu rastro na construção simbólica do SUS pelo jornal. A crise sanitária favoreceu o SUS (também) como forma de confronto ao discurso do governo – o jornal tomado como sujeito discursivo que dialoga com posições sociais conhecidas/reconhecidas. Baixo protagonismo do SUS nas edições e brechas do jornal ao discurso individualista e privatista são também freios à confluência favorável.
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