Comunicação Coordenada

21/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC12.1 - A VOZ DO USUÁRIO - COMUNICAÇÃO COMO DIREITO DEMOCRÁTICO À SAÚDE

39244 - LGBTIFOBIA VIRTUAL: NOTAS ETNOGRÁFICAS SOBRE DISCURSO DE ÓDIO E DESINFORMAÇÃO EM COMUNIDADES VIRTUAIS
ADRIANO DA SILVA - FIOCRUZ, KATHIE NJAINE - FIOCRUZ, QUEITI BATISTA MOREIRA OLIVEIRA - FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
O avanço tecnológico comunicacional conjugado com a ausência de mecanismos regulatórios, e políticas de literacia digital por parte da sociedade, tem contribuído para perpetração de distintas formas de violência a partir de redes sociais na internet. A população LGBTI tem sido vítima destas violências que se perpetuam a partir da disseminação ostensiva de discursos de ódio e desinformação.

Objetivos
Compreender como a internet, e em especial as redes digitais de comunicação, têm sido utilizadas como catalisadores de discursos de natureza LGBTIfóbica.

Metodologia
O estudo utilizou abordagem etnográfica em meios virtuais (Etnografia virtual), considerando a internet como um rico e complexo cenário cultural. Assim, o lócus de observação foram duas comunidades virtuais no Facebook, denominadas, "Brasil sem ideologia de gênero" e "Não a ditadura gay". Optou-se por uma observação silenciosa (lurking), que ocorreu no período 2018 a 2019, resultando em 75 postagens. Seguiu-se um roteiro que buscou identificar características dos membros, perfil de interação, arquitetura das comunidades, e também a percepção dos membros sobre expressões de sexualidade e gênero dissidentes da heteronormatividade.

Resultados
A LGBTIfobia foi perpetrada a partir de discursos de ódio de natureza religiosa ultraconservadora e simbólica, utilizando como elementos principais o humor, política, e deturpação de dados científicos (desinformação científica), visando deslegitimar a existência da população LGBTI, justificar a retirada de direitos, e minimizar suas pautas. Destacou-se a necessidade de observação das empresas responsáveis por esses ambientes digitais, além de apontar a necessidade de alfabetização digital da população (literacia digital), de modo a capacitá-la ao uso crítico e responsável destes ambientes digitais.

Conclusões/Considerações
A discussão que se faz, trata da LGBTIfobia virtual, mas se reflete também em todas as expressões de violência perpetradas nas redes digitais. Compreendendo a violência como um problema de saúde pública, urge a necessidade de políticas que mitiguem os impactos destas violências. O risco de se negligenciar essa necessidade, é a construção de espaços virtuais desinformativos, e, ratificadores de preconceitos e discriminações.