SA10.2 - CONDIÇÕES DE VIDA, VULNERABILIDADE E VIOLÊNCIAS: HÁ UM DIÁLOGO ENTRE AS ÁREAS DA SAÚDE COLETIVA? (TODOS OS DIAS)
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38314 - A SAÚDE COLETIVA E AS MÚLTIPLAS VERSÕES DA CRIANÇA COM COMPORTAMENTOS EXTERNALIZANTES ANDRÉ LUÍS PEREIRA GUIMARÃES - UFBA
Apresentação/Introdução Comportamentos externalizantes referem reações impulsivos de crianças e adolescentes que propiciam conflitos com o ambiente e, em padrão repetitivo e persistente, dão base ao psicodiagnóstico de TDAH, TOD e TC. O trabalho expõe pesquisa de mestrado em Saúde Coletiva, com ênfase transdisciplinar, sobre práticas e sentidos produzidos acerca do binômio ‘infância e comportamentos externalizantes’.
Objetivos O intuito é compreender as múltiplas versões de realidade enunciadas na literatura em Saúde Coletiva e produzidas nas práticas cotidianas da rede relacional de uma criança à qual se atribui problemas de comportamentos externalizantes.
Metodologia No campo empírico, fez-se um estudo de caso, de inspiração etnográfica, seguindo as abordagens da Teoria Ator-Rede e das Práticas Discursivas e Produção de Sentidos. O ator central da pesquisa foi um menino de 10 anos, com hipótese diagnóstica de TDAH e TOD, articulado com actantes humanos e não-humanos na família, comunidade e serviços públicos. Os dados foram produzidos a partir das técnicas de análise documental de prontuários, entrevista narrativa autobiográfica e episódica, observação participante e desenhos narrativos. A análise e interpretação, a partir categorias empíricas, seguiu o fluxo das interatuações entre os actantes e das associações de ideias na produção de sentidos.
Resultados A partir das categorias empíricas ‘do angelical ao diabólico’; ‘do ideal de criança ao ideal de adulto’; e ‘dos constituídos aos constituintes’, o estudo expõe uma rede de relações complexa, onde humanos e não humanos, em meio a conflitos intergeracionais, tanto constituíram diferentes versões do objeto como fragilizaram as categorias conceituais que o compõem: infância e comportamentos externalizantes. O caso estudado reverbera nas práticas do campo os resultados da revisão de literatura, com ênfase empírica, realizada no âmbito do mesmo estudo, que expõe um panorama de silenciamento infantil e fragilidade interdisciplinar sobre o tema nas três subáreas disciplinares da Saúde Coletiva.
Conclusões/Considerações Sinaliza-se a importância do maior intercâmbio de conhecimento sobre do tema, de modo a transpor o lugar das especialidades e valorizar a escuta da criança, historicamente silenciada em seus saberes sobre si, suas queixas, vontades, necessidades etc. Os crivos das especialidades, ao enfatizarem os ‘porquês’, se distanciam do ‘como’, que emerge com os saberes do usuário dos serviços, criança ou não, ator central do conhecimento acerca de si.
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