Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC10.2 - CONDIÇÕES DE VIDA, VULNERABILIDADE E VIOLÊNCIAS: HÁ UM DIÁLOGO ENTRE AS ÁREAS DA SAÚDE COLETIVA?

40031 - DESIGUALDADES SOCIOECONÔMICAS NO CONSUMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS EM ADULTOS BRASILEIROS: UMA ANÁLISE INTERSECCIONAL
NATHALIA ASSIS AUGUSTO - UEL, MATHIAS ROBERTO LOCH - UEL


Apresentação/Introdução
O baixo consumo de frutas e hortaliças vem sendo associado a desfechos negativos de saúde, como maior risco para diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e neoplasias. As características socioeconômicas dos indivíduos são determinantes do consumo alimentar, e intersecção desses fatores podem ajudar a compreender a desigualdade no consumo de frutas e hortaliças em diferentes grupos sociais.

Objetivos
O objetivo do estudo foi verificar a magnitude das desigualdades no consumo de frutas e hortaliças entre os grupos sociais mais e menos favorecidos no Brasil.

Metodologia
Estudo transversal considerando 88.531 adultos de 18 anos ou mais que responderam ao questionário de estilos de vida da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. Foi realizada uma análise interseccional com os grupos de raça/cor da pele (brancos; negros), escolaridade (baixa: sem instrução/fundamental incompleto; alta: superior completo ou mais) e renda (quintil com menor renda; quintil com maior renda). O desfecho foi o consumo irregular de frutas e hortaliças (consumo de frutas e hortaliças < 5 dias na semana). Para a comparação dos grupos sociais menos e mais favorecidos foi calculado o OR ajustado por sexo, idade e as variáveis socioeconômicas.

Resultados
Ao observar os grupos separadamente, negros (OR=1,15; IC95%:1,09-1,21), baixa escolaridade (OR=2,06; IC95%:1,88-2,26) e baixa renda (OR=2,64; IC95%:2,40-2,91) tiveram maior chance de consumo irregular de frutas e hortaliças. Ao sobrepor dois grupos, a chance se tornou maior, sendo OR=2,24 (1,95-2,58) para negros + baixa escolaridade, OR=5,08 (4,46-5,79) para baixa escolaridade + baixa renda e OR=2,94 (2,57-3,36) para baixa renda + negros. Ao sobrepor os três grupos, observamos que negros com baixa escolaridade e baixa renda possuem maior chance de ter um consumo irregular de frutas e hortaliças quando comparados aos brancos com alta escolaridade e renda elevada (OR=5,92; IC95%:5,13-6,85).

Conclusões/Considerações
Os grupos sociais menos favorecidos possuem maior chance de apresentar consumo irregular de frutas e hortaliças, e a intersecção entre eles aumenta a probabilidade deste desfecho. Políticas voltadas para redução de iniquidades tornam-se imprescindíveis para que haja mudança no comportamento alimentar, em particular, aumento no consumo desses alimentos nos grupos menos favorecidos.