Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC10.2 - CONDIÇÕES DE VIDA, VULNERABILIDADE E VIOLÊNCIAS: HÁ UM DIÁLOGO ENTRE AS ÁREAS DA SAÚDE COLETIVA?

39286 - RELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO MATERNA E A SAÚDE BUCAL DOS FILHOS NOS DIFERENTES GRUPOS SOCIOECONÔMICOS: RESULTADOS DE UMA COORTE DE NASCIMENTOS
SARAH ARANGUREM KARAM - UFPEL, FRANCINE DOS SANTOS COSTA - UFPEL, MARCOS BRITTO CORREA - UFPEL, FLÁVIO FERNANDO DEMARCO - UFPEL


Apresentação/Introdução
Na primeira infância, a percepção materna tem sido utilizada como proxy para avaliar as condições de saúde bucal dos filhos. Além disso, ela pode nortear decisões que estão relacionadas ao consumo de alimentos e bebidas, visitas ao dentista e hábitos de higiene bucal. Assim, a percepção materna sobre a criança pode influenciar o desenvolvimento de lesões de cárie dentária.

Objetivos
Estimar as desigualdades socioeconômicas existentes na percepção materna sobre a saúde bucal de seus filhos – e na cárie dentária não tratada, como desfecho secundário – utilizando os dados de uma coorte de nascimentos no sul do Brasil.

Metodologia
Os dados deste estudo foram coletados por meio de entrevista no perinatal e no acompanhamento de 48 meses da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015. O principal desfecho foi a percepção materna sobre a saúde bucal da criança, dicotomizada em positiva (boa/muito boa) e negativa (regular/ruim/muito ruim). O desfecho secundário foi cárie dentária não tratada (ausência e presença, de acordo com o índice ICDAS). Para a análise estatística, foram utilizados o Índice de Desigualdade Absoluta (Slope Index of Inequality- SII) e o Índice de Concentração (Concentration Index- CIX). As análises foram estratificadas por escolaridade materna, renda familiar e índice de riqueza.

Resultados
As prevalências dos desfechos foram de 19,4% (IC95% 18,2; 20,7) para a percepção materna negativa da saúde bucal das crianças e de 15,6% (IC95% 14,4; 16,8) para cárie não tratada. As desigualdades socioeconômicas foram observadas na percepção materna negativa da saúde bucal dos filhos em termos absolutos e relativos. Observou-se SII de -16,6 (IC95% -20,8; -12,5) para a renda familiar. Uma maior prevalência da percepção materna negativa da saúde bucal dos filhos foi observada em mães sem escolaridade ou com poucos anos de estudo (CIX -21,1 [IC95% -24,5; -17,7]).

Conclusões/Considerações
O estudo demonstra disparidades socioeconômicas na percepção materna sobre a saúde bucal infantil e na prevalência de cárie não tratada em crianças. Foi identificada maior concentração de percepção materna negativa da saúde bucal dos filhos entre os indivíduos mais vulneráveis socioeconomicamente. Os achados reforçam a presença de desigualdades socioeconômicas nas medidas subjetivas sobre a saúde bucal infantil.