Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC10.2 - CONDIÇÕES DE VIDA, VULNERABILIDADE E VIOLÊNCIAS: HÁ UM DIÁLOGO ENTRE AS ÁREAS DA SAÚDE COLETIVA?

39151 - VIOLÊNCIAS URBANAS COMO SINTOMAS: RELEITURAS CRÍTICAS A PARTIR DA SAÚDE COLETIVA
ELIS BORDE - UFMG, MARIO HERNÁNDEZ - UNAL


Apresentação/Introdução
A forma como a violência urbana costuma ser abordada deixa vazios e fragmenta a nossa compreensão, sendo necessário recuperar uma visão integradora da Saúde Coletiva que permite compreender como as diferentes violências urbanas que se configuram como parte de um modelo de cidade característico do neoliberalismo realmente existente no Sul global, produzem mal-estar, adoecimento e morte.

Objetivos
Explorar a determinação social dos processos de saúde-doença e morte nos territórios urbanos marcados por violências em duas cidades latino-americanas a partir de uma abordagem integradora, crítica e histórico-territorial da Saúde Coletiva.

Metodologia
Estudo comparativo dos casos dos bairros da Maré (Rio de Janeiro, Brasil) e de San Bernardo (Bogotá, Colômbia), através de uma abordagem qualitativa, por meio de 46 entrevistas semi-estruturadas com moradores, lideranças comunitárias e pesquisadores e 4 grupos focais. Utilizou-se a análise de conteúdo, modalidade temática. Realizou-se ainda uma revisão narrativa da bibliografia sobre violências urbanas, homicídios e conflitos territoriais urbanos, que além de sintetizar o debate e mapear as evidências, buscou informar a rearticulação e o aprofundamento teórico-conceitual para construir uma abordagem integradora e crítica da Saúde Coletiva em diálogo com a geografia e história crítica

Resultados
Os casos evidenciam a imbricação das formas implícitas e explícitas de violência urbana que se configuram em função dos (des)ordenamentos territoriais impostos pelo neoliberalismo realmente existente nas cidades latino-americanas, que incluem, mas não se reduzem ao narcotráfico. Desta forma as violências implicadas nas ameaças de remoção, intervenções policiais-militares necropolíticas racistas e a morte lenta imposta sobre a infraestrutura de bairros visados pelo capital, produzem “vidas fracturadas” em territórios urbanos marcados por intervenções punitivas, militarizadas e de higienização.

Conclusões/Considerações
Para uma compreensão ampliada e sensível das violências urbanas e seus impactos na saúde/vida, é necessário radicalizar a integração da Saúde Coletiva, capaz de desvelar as contradições mais trágicas do modelo de sociedade/cidade, que se incorporam, (de)formam e apagam determinados corpos e territórios. Isso requer um desenvolvimento teórico-conceitual crítico e implica diálogo e construção com os movimentos sociais e populações vulnerabilizadas.