Sessão Assíncrona


SA9.2 - AVALIAÇÃO E INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

44584 - VOLUNTARIEDADE E ATITUDES DE PARTICIPANTES DE UM ENSAIO CLÍNICO PARA AVALIAÇÃO DE UMA VACINA EXPERIMENTAL
VALQUIRIA FERNANDES MARQUES VIEIRA - UFMG, SUMAYA GIAROLA CECÍLIO - FCMMG, MARIA FLÁVIA GAZZINELLI BETHONY - UFMG


Apresentação/Introdução
Nos últimos vinte anos o número de registros de ensaios clínicos aumentou cerca de 170 vezes (de 2.119 registros para 361.141). No Brasil são escassos os estudos que abordam as atitudes e voluntariedade de participantes de pesquisas clínicas. Portanto, é necessária a mobilização acadêmica e científica sobre essa temática atual e em crescimento na sociedade, especialmente, no contexto de vacina.

Objetivos
Avaliar a voluntariedade e atitudes de participantes de um ensaio clínico randomizado de vacina.

Metodologia
Trata-se de um estudo quantitativo e transversal realizado em um centro de pesquisa na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. A amostra não-probabilística intencional foi composta por voluntários de um ensaio clínico randomizado cujo objetivo era avaliar uma vacina experimental contra o vírus Zika (VRC 705) - número de registro Clinicaltrials.gov - NCT03110770. Voluntariedade buscou identificar a autenticidade da decisão de participar do ensaio clínico. Atitudes sobre a participação na investigação avaliou o medo de participar da pesquisa, se a participação pode melhorar a saúde e ajudar outras pessoas futuramente e a formação e confiança nos pesquisadores.

Resultados
A maioria dos participantes (90,1%) afirmou não ter medo de participar da pesquisa. Todos disseram que podem ajudar outras pessoas futuramente e 64,4% se sentiram especiais por isso. Para 56,4% dos participantes a própria saúde poderia melhorar ao participarem do estudo. Quase todos declararam confiança nos pesquisadores responsáveis pelo ensaio e o principal motivo foi a capacitação dos mesmos (53,7%). Quase todos os participes (98,0%) alegaram terem decidido sozinhos pela participação. Para 20,8% a saída da pesquisa poderia levar à perda de algum benefício. Apenas 12,9% dos participes relataram ansiedade associada à participação, classificando-a com a média 6,4±1,8 (escala de 0 a 10).

Conclusões/Considerações
As atitudes e voluntariedade se deram na ausência de coerção e medo. A solidariedade foi a principal motivação quanto a tomada de decisão de participar. A noção equivocada de que a participação no ensaio clínico pode melhorar o estado de saúde é um aspecto que pode influenciar a voluntariedade. Especialmente no Brasil, a incompreensão das implicações da participação em pesquisas clínicas experimentais adquire contornos mais acentuados.