Sessão Assíncrona


SA8.3 - CUIDADO E POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS (TODOS OS DIAS)

44046 - VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM VIVÊNCIAS DE PARTO E NASCIMENTO DE MULHERES ÍNDIGENAS.
ARIELE GOMES BOTELHO - UFGD-RESIDENCIAL MULTIPROFISSIONAL, KARINY RIBEIRO - UFSCAR, LEANDRA ANDRÉIA DE SOUSA - UFSCAR, NATÁLIA R. SALIM - UFSCAR


Apresentação/Introdução
Mulheres indígenas que saem de suas comunidades em busca de perspectiva de trabalho e estudos, passam a vivenciar o parto fora de suas comunidades. Tradicionalmente as comunidades indígenas exercem práticas tradicionais de saúde, no parto se relacionam ao preparo do corpo, alimentação e rituais que muitas vezes não são consideradas nos serviços de saúde.

Objetivos
Esse estudo teve como objetivos compreender vivências de parto de mulheres indígenas em hospitais e maternidades vinculados ao SUS e identificar situações de violência obstétrica.

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa ancorada no referencial teórico dos Direitos Sexuais e Reprodutivos. Como ferramenta de coleta de dados, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas com roteiro de questões norteadoras. Participaram do estudo seis mulheres indígenas, estudantes de uma Universidade Federal do interior de São Paulo, que vivenciaram o parto em ambiente hospitalar em serviço do SUS e que, no momento do estudo, estavam vivendo fora de suas comunidades. As participantes são pertencentes às seguintes etnias: Atikum, Baré, Kurâbakairi, Terena, Tukano e Tupinikin. O estudo teve aprovação de comitê de ética.

Resultados
Foi possível identificar que as mulheres indígenas possuem seus próprios meios de cuidado durante o processo de parto, como o uso de ervas e benzimento. Essas práticas se mostraram em tensão em relação ao modelo de cuidado hospitalar. Os relatos das mulheres evidenciaram diferentes formas de violência obstétrica como falta de privacidade, violência verbal e negação do direito de ter acompanhante durante o trabalho de parto. As participantes também relataram a utilização de práticas não recomendadas como excesso de toques vaginais, manobra de kristeller e episiotomia. Os dados também ressaltam entraves na comunicação entre profissionais da saúde e mulheres indígenas

Conclusões/Considerações
Esse estudo mostrou a necessidade de implementação de práticas de saúde que fortaleçam as mulheres indígenas sobre seus direitos. Nesse sentido, são necessárias mudanças no modelo de atenção obstétrica para o fortalecimento dos Direitos Sexuais e Reprodutivos das mulheres indígenas, bem como a criação de espaços de diálogo e respeito pelos saberes populares e tradicionais.