Sessão Assíncrona


SA8.3 - CUIDADO E POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS (TODOS OS DIAS)

43331 - BANALIDADE E BANALIZAÇÃO DO MAL: APLICABILIDADE CENCEITUAL NA COMPREENSÃO DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO CONTRA A MULHER
JEREMIAS CAMPOS SIMÕES - UFES, STEPHANIA MENDES DEMARCHI - UFES, MARIA ANGÉLICA CARVALHO ANDRADE - UFES


Apresentação/Introdução
A violência contra a mulher é compreendida como práticas sociais e persiste mediante o discursivo produzido historicamente por haver assimetria entre a produção do sujeito homem e do sujeito mulher. Os conceitos de Banalidade do Mal, desenvolvido por Arendt e Banalização do Mal, apresentado por Dejours, constituem quadros teóricos que possibilitam compreensões transdisciplinares dessas práticas.

Objetivos
Discutir os conceitos de banalidade e banalização do mal, como adequada possibilidade de quadro analítico para a compreensão de fatos sociais que envolvam contextos de violência de gênero contra a mulher.

Metodologia
Trata-se de um ensaio teórico construído a partir da elaboração de tese de doutoramento em saúde coletiva, frente ao fenômeno violência de gênero contra a mulher. De abordagem qualitativa, esse estudo apresenta as primeiras impressões dos conceitos Banalidade e Banalização do Mal, a partir da filósofa Hannah Arendt e do psiquiatra Christophe Dejours, possibilitando análise e reflexões para adequação conceitual na aplicabilidade epistemológica desses conceitos no campo da violência de gênero contra a mulher. Portanto, tem-se como questão norteadora: seria a banalidade ou a banalização do mal conceitos apropriados para compreensão do fenômeno violência contra a mulher?

Resultados
Os conceitos centrais desse ensaio são indissociáveis: a compreensão da banalização do mal é atravessada por compreender a própria banalidade do mal. Isso ocorre, pois, a concepção de banalização proposta por Dejours tem como ponto de partida a ideia de banalidade do mal de Arendt, em que um dos elementos centrais está na personalidade do acusado Adolf Eichmann, posto sob a condição de normalidade, incapaz de pensar e por conseguinte de se comunicar. Mas, à medida que a banalidade do mal se insere no contexto de diferentes personalidades, emerge a banalização do mal, como adesão coletiva a determinado discurso(s), contribuindo para a destramatização da violência contra a mulher.

Conclusões/Considerações
O fato social da violência é atravessado por processos de banalidade e banalização do mal. Na banalidade encontramos a premissa da produção da violência, situando a normopatia na personalidade de quem agride, mediante a aquiescência moral de que o ato violento é adequado. Já a adesão coletiva, a permissividade coletiva à violência, ocorre pelo funcionamento da banalização, sendo esse conceito mais adequado para compreender a violência.