Sessão Assíncrona


SA8.3 - CUIDADO E POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS (TODOS OS DIAS)

41483 - SAÚDE E TERRITORIALIDADES: SOBRE BEM VIVER E ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS DE SUJEITOS LGBTS EM CONTEXTOS URBANOS
MARCOS AURÉLIO DA SILVA - UFMT, RAYSSA KARLA DOURADO PORTO - UFMT


Apresentação/Introdução
A partir de uma discussão sobre os conceito de território na Saúde Coletiva e na Antropologia, buscamos pensar como este diálogo pode ser útil para gestores e planejadores de políticas públicas. Os dados etnográficos se referem a itinerários terapêuticos LGBTs, que desafiam a saúde pública e seu processo de territorialização, voltado ao planejamento das redes de atenção e promoção à saúde.

Objetivos
Descrever e analisar itinerários terapêuticos da população LGBT de Cuiabá para mostrar que pensar em territorialidades significa ir além dos números e dos objetos físicos e considerar também os fluxos dos sujeitos na produção desses territórios.

Metodologia
As pesquisas foram feitas a partir de entrevistas focadas em narrativas de vida e formulários com perguntas abertas na internet, contando também com a observação participante em espaços de debate entre academia e movimentos sociais LGBTs. Todos estes procedimentos de pesquisa estão balizados pelo método etnográfico, em que se parte da premissa que as percepções que os sujeitos constroem dos serviços de saúde se constituem como uma forma de avaliação dos mesmos e de mensuração de seus limites. A pesquisa também se baseia nos aportes teóricos metodológicos da Antropologia Urbana e da Antropologia da Saúde, em que se privilegia escutar e, sempre que possível, andar/caminhar com os sujeitos.

Resultados
Nos relatos, é muito comum adiar a busca de cuidados, evitando assim os postos de saúde, onde situações de preconceito e despreparo de profissionais parecem ser mais frequentes. Outros buscam atendimento do SAE, onde os profissionais parecem ter um pouco mais trato positivo, pela especialização em atendimento a pessoas que vivem com HIV/Aids. A população trans, por exemplo, quando fala em ambulatório, no caso de Mato Grosso, tem defendido que ele não se restrinja aos atendimentos do processo transexualizador e possa também oferecer consultas de clínicos gerais, uma vez que relatam com frequência o desrespeito ao direito de uso do nome social, com situações vexatórias de transfobia explícita.

Conclusões/Considerações
O atendimento universal preconizado pelo SUS não parece funcionar na prática. As narrativas sobre itinerários terapêuticos LGBTs apontam para territorialidades que não são previstas pelos gestores de saúde e se produzem na ausência das políticas. As etnografias sobre territorialidades podem favorecer a pesquisa e o trabalho em Saúde Coletiva, através dessas experiências de território que o mostram mais dinâmico, menos previsível e mais concreto.