Sessão Assíncrona


SA8.3 - CUIDADO E POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS (TODOS OS DIAS)

39745 - TOMADA DE DECISÃO COMPARTILHADA COMO PRÁTICA DA LIBERDADE
KIRLA BARBOSA DETONI - UFMG, SIMONE DE ARAÚJO MEDINA MENDONÇA - UFMG, DJENANE RAMALHO DE OLIVEIRA - UFMG


Apresentação/Introdução
A definição de tomada de decisão compartilhada pressupõem que profissionais de saúde e pacientes colaborem, que a melhor evidência possível seja compartilhada e que as preferências e experiências do paciente sejam respeitadas e colocadas como prioridade. O profissional deve decidir com o paciente, e não por ele. Assim, ela pode ser considerada como o pilar do cuidado centrado na pessoa.

Objetivos
Apresentar minhas autoreflexões a partir da dualidade da minha atuação como farmacêutica clínica e como familiar de um paciente, por meio da lente da tomada de decisão compartilhada.

Metodologia
Trata-se de uma autoetnografia crítica sob a ótica de uma farmacêutica-pesquisadora-docente, em constante formação e transformação, refletindo sobre a relação profissional-paciente no processo de tomada de decisão. A autoetnografia é uma metodologia qualitativa que busca descrever e analisar de forma sistemática (grafia) as experiências pessoais (auto) para compreender determinado aspecto cultural, social e político (etno). Os dados foram extraídos das minhas anotações em diário de campo. Nele descrevi minhas vivências, resgatando memórias enquanto farmacêutica atuando no cuidado às pessoas e enquanto familiar acompanhante de um paciente em sua jornada nos serviços de saúde.

Resultados
Nos primeiros passos como farmacêutica clínica, eu pensava ser suficiente considerar experiências subjetivas dos pacientes para adequação da farmacoterapia, entregando-lhes a decisão pronta sobre o melhor medicamento. Valia-me dos conhecimentos técnicos obtidos na graduação para despejar a verborreia sobre as consequências da não adesão. Enquanto familiar de paciente, as experiências nos serviços de saúde mostraram-me o contrário: gostaria de ser ouvida, mas também participar ativamente das decisões. As leituras teóricas (injustiça epistêmica e pedagogia crítica) contribuíram para o despertar da consciência. Nesta interface, a tomada de decisão compartilhada emerge como prática da liberdade.

Conclusões/Considerações
O processo reflexivo proporcionado pela autoetnografia consistiu em um elemento importante para pensar as práticas em saúde a partir da minha própria atuação. Espero que essa reflexões provoquem ressonância em outros profissionais de saúde, educadores e educandos, gerando o desvelamento das relações de poder existentes em suas práticas e a criticidade sobre suas atitudes frente ao paciente-sujeito, guiando sua praxis, reflexão-ação.