Sessão Assíncrona


SA8.3 - CUIDADO E POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS (TODOS OS DIAS)

39376 - OCUPAÇÕES EXISTENCIAIS: A CONSTRUÇÃO DE TERRITÓRIOS DE CUIDADO ENTRE A POPULAÇÃO DE RUA
JOAQUIM GABRIEL DE ANDRADE COUTO - FSP/USP, CARLOS BOTAZZO - FSP/USP


Apresentação/Introdução
Este resumo apresenta um fragmento de uma pesquisa de Mestrado, cujo ponto de partida é a discussão sobre o conceito de cuidado no contexto da população de rua, pensando o cuidado como um acontecimento que se dá a partir dos encontros intersubjetivos compostos pelos sujeitos, encontros esses que são atravessados por afetos capazes de aumentar a potência de vida dos envolvidos.

Objetivos
O objetivo central do trabalho foi de acompanhar os processos de produção de cuidado entre pessoas em situação de rua.

Metodologia
Lançou-se mão da cartografia como método de investigação, partindo do conceito de rizoma, apresentado por Deleuze e Guattari para pensar a produção de cuidado entre a população de rua. Assim, o método cartográfico foi utilizado com o intuito de acompanhar as conexões existenciais que estão em curso nas ruas. Para tanto, o pesquisador foi ao campo de pesquisa nas ruas de Florianópolis, Santa Catarina, onde passou a circular pela região central da cidade e acompanhar os movimentos da população de rua entre setembro de 2020 e novembro de 2021. A cada ida ao campo, o pesquisador realizou anotações em um diário do campo, o qual operou como um dispositivo na produção de dados dessa pesquisa.

Resultados
Durante o período em campo, os encontros compostos com pessoas em situação de rua mostrou a composição de territórios de cuidado. Os espaços urbanos ocupados se configuram como ocupações existenciais, em que esses sujeitos produzem conexões rizomáticas de efetivo cuidado. Os territórios geográficos marcam os encontros entre essas pessoas, que passam a estabelecer formas de sociabilidade singulares, pautadas na solidariedade e afeto. Esses encontros afetivos produzem um cuidado que amplia suas possibilidades de vida em meio à precariedade material, quando aquilo que pode oferecer algum conforto é compartilhado, seja os frutos dos mangueios, as marmitas, as garrafas de cachaça, as roupas ou cobertores.

Conclusões/Considerações
Os processos cartografados deram visibilidade às ocupações dos espaços urbanos, que também são ocupações existenciais, uma vez que esses locais são transformados em espaços de uma convivência solidária e afetiva da população de rua. Assim, esses sujeitos compõem territórios de produção de cuidado na cidade, um cuidado que é ampliação da potência de viver.