Sessão Assíncrona


SA8.2 - A DIVERSIDADE EPISTEMÓLOGICA NA SAÚDE COLETIVA (TODOS OS DIAS)

42732 - CONTRA O NEGACIONISMO CIENTÍFICO E O COLONIALISMO BIOMÉDICO: O DESAFIO DA PLURALIDADE NA CONSTRUÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE
ESTEVÃO TOFFOLI RODRIGUES - USP/UFBA, JOSÉ RICARDO DE CARVALHO MESQUITA AYRES - USP


Apresentação/Introdução
Em tempos de pandemia e negacionismo científico, corre-se o risco de enfatizar o colonialismo da biomedicina sobre qualquer outra forma de compreensão do processo saúde-doença-cuidado. É necessária, portanto, a reflexão em torno de modos de produção de saber pelo setor saúde que respeitem concepções epistemológicas e metodológicas distintas, sem reduzi-las a uma racionalidade exclusiva.

Objetivos
Investigar formas de produção de diálogo (fusão de horizontes) entre práticas de saúde hegemônicas (biomédicas) e práticas derivadas de concepções epistemo-metodológicas distintas, como forma de melhor responder às necessidades de saúde da população.

Metodologia
Revisão bibliográfica sobre o processo de trabalho em saúde e a relação entre ciência, sociedade, racionalidades em saúde e produção das práticas de saúde. Foram revisados textos clássicos da Saúde Coletiva sobre a Teoria do Processo de Trabalho em Saúde, o Cuidado em Saúde e as racionalidades médicas, além de uma consulta a autores como Georges Canguilhem (epistemologia histórica), Hans-Georg Gadamer (hermenêutica filosófica) e Jürgen Habermas (Teoria do Agir Comunicativo).

Resultados
Processos de trabalho em saúde são arranjos técnicos socialmente adequados e historicamente dinâmicos em resposta às necessidades de saúde. Impõe-se reconhecer o lugar das ciências na operação dessas tecnologias, tanto quanto negar-lhes a autoridade exclusiva sobre o fazer em saúde. Necessidades, instrumentos/saberes e finalidades estão intimamente ligados no trabalho. É preciso reconhecer nas ciências tal vinculação para delimitar sua legítima autoridade e abri-las ao diálogo com outras possibilidades tecnológicas – que comportam outras hermenêuticas dos processos saúde-doença-cuidado – se buscamos práticas de saúde sensíveis às necessidades redefinidas na práxis social.

Conclusões/Considerações
A investigação dos processos de trabalho operados pelo setor saúde é fundamental para afastar polarizações estéreis entre biomedicina e outras práticas, retomando o foco fundamental da construção de respostas às necessidades de saúde. Uma genuína fusão de horizontes entre práticas de saúde diversas depende menos de sua validação científica que do aclaramento dos processos de trabalho que as tornam efetivas como práticas de cuidado.