SA8.2 - A DIVERSIDADE EPISTEMÓLOGICA NA SAÚDE COLETIVA (TODOS OS DIAS)
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42329 - LEGADO DA ESCRITA: SABER LETRADO COMO VERTENTE PARA O CUIDADO COLETIVO APÓS A MORTE
MARIA SIMONE MENDES BEZERRA - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT, RENI APARECIDA BARSAGLINI - INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT
Apresentação/Introdução
O jovem diante da iminência e precocidade da morte pode querer deixar algo significativo, marcante de sua experiência, um tipo de legado que o projetará no futuro após a morte. Esse legado letrado tanto informa sobre o cuidado, quanto demanda uma forma de cuidado por aqueles que permanecem. Esse pode ser um modo de alcançar imortalidade simbólica e oportuniza o cuidado ampliado para com os outros.
Objetivos
Apresentar a construção do saber a partir da escrita de jovens que morreram de câncer que se constituiu um legado de cuidado mesmo após a morte.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa amparada pela perspectiva socioantroplógica. Privilegiamos como fonte de dados póstumos os escritos de quatro jovens com idade entre 13 e 27 anos que morreram de câncer. Os escritos foram extraídos de blog, diários e cartas deixadas pelos jovens. A análise dos dados se amparou na combinação das contribuições da hermenêutica compreensiva de Paul Ricoeur (pelas quatro etapas: leitura inicial do texto, distanciamento, leitura crítica e apropriação); a filosofia de Jacques Derrida (envios, desvios, rastros e morte do autor) e o conceito de cuidado ampliado de Joan Tronto que entende cuidado como tudo aquilo que fazemos para manter e reparar nosso mundo.
Resultados
Os jovens por meio dos seus escritos revelam ações cuidativas em prol de um coletivo. Cientes dos desafios e necessidades que envolvem o adoecimento por câncer na juventude eles empreendem o envio pela escrita como esforço público ao registrar pela escrita questões oriundas da experiência sobre: importância da doação de sangue, tratamento experimental, prevenção contra o câncer, identificação precoce do câncer, local mais apropriado para jovens receberem tratamento, relevância do cuidado sensível e personalizado apropriado para jovens, além de contribuírem para divulgação e arrecadação de fundos para organizações não governamentais que ajudam outras pessoas.
Conclusões/Considerações
A escrita publicizada carrega rastros de subjetividade e do contexto sociocultural, sendo que enviar o texto ao mundo embute a morte do autor e abertura para infinitas interpretações. Na experiência de adoecer os jovens se valem da escrita transparecendo a responsabilidade coletiva e desejo de cuidar dos que ficam. Reportam às repercussões e enfrentamentos do adoecimento ante a concretude da morte, uma postura de Ser no mundo – esse é o legado.
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