Sessão Assíncrona


SA8.1 - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES, SAÚDE MENTAL - VIVÊNCIAS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS (TODOS OS DIAS)

44269 - ENCONTRO DE SABERES E PLANTAS MEDICINAIS NO QUILOMBO URBANO ALTO DA MARAVILHA
ARTUR ALVES DA SILVA - UFRB, MICHELI DANTAS SOARES - UFRB, LUCIANA ALAIDE ALVES SANTANA - UFRB


Apresentação/Introdução
Os povos quilombolas mantêm práticas tradicionais de cura relacionadas às plantas medicinais que não são consideradas no cuidado proposto pela Estratégia de Saúde da Família (ESF). O encontro de saberes entre trabalhadores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) pode romper a prática de saúde difundida com o norte global, viabilizando a construção interepistêmica de outras formas de cuidado.

Objetivos
Cartografar o encontro de saberes no contexto da ESF com as pessoas que carregam os saberes populares relacionados às plantas medicinais.

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa com abordagem cartográfica. Os dados foram produzidos a partir de um diário de campo, no qual o pesquisador está registrando suas afetações a partir de situações mobilizadoras que envolvem plantas medicinais e foram surgidas durante o processo de trabalho como médico de família e comunidade da Unidade Básica de Saúde do Alto da Maravilha, que abrange um quilombo urbano e comunidades do campo, no município de Senhor do Bonfim-BA. Essas afetações estão sendo registradas como cenas cartográficas, a partir das quais são realizadas discussões durante a pesquisa.

Resultados
Os principais resultados do trabalho são as cenas cartográficas. Segue uma cena registrada no diário de campo: “A presença das plantas medicinais no SUS normalmente se dá com a prescrição e orientação do uso correto por profissionais com experiência na área. No entanto, os conhecimentos dos profissionais, normalmente aprendidos em cursos ou livros, não contemplam a vastidão dos saberes populares. Foi por isso que me permiti aprender com raizeiros da comunidade. Andando na mata com eles pude conhecer o uso de várias plantas, mas sobretudo a respeitar os segredos das matas, como coletar partes das plantas sem agredi-la e simpatias que ajudam o remédio a ter um efeito melhor.”

Conclusões/Considerações
A presença das plantas medicinais no SUS não garante o diálogo com o saber popular quando é guiada pela subalternidade colonial de saberes. A cena cartográfica revelou como a saída do consultório para a mata com guardiões de saberes possibilitou o encontro com conhecimentos que vão além da lógica medicalizadora de combater sintomas. É necessário que a ESF avance na construção, junto da comunidade, de formas de cuidado interepistêmicas.