Sessão Assíncrona


SA8.1 - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES, SAÚDE MENTAL - VIVÊNCIAS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS (TODOS OS DIAS)

40536 - SEMEAR CONFLUÊNCIAS PARA O CUIDADO: ENCONTROS INTERCULTURAIS E INTEREPISTÊMICOS À PARTIR DE PLANTAS MEDICINAIS EM UNIDADES DE SAÚDE DE VERANÓPOLIS/RS
NATÁLIA BRISTOT MIGON - UFRGS, TATIANA ENGEL GERHARDT - UFRGS


Período de Realização
As atividades foram realizadas em encontros semanais entre março de 2018 e dezembro de 2019.

Objeto da experiência
O cuidado em encontros interculturais e interepistêmicos inspirados em saberes e práticas sobre plantas medicinais em unidades de saúde de Veranópolis.

Objetivos
Co construir o cuidado à partir de um ambiente inclusivo e acolhedor em unidades de saúde de Veranópolis (RS), para que possam emergir saberes, vivências e experiências diversas sobre plantas medicinais, pautados no encontro de saberes comunitários e técnico-científicos.

Metodologia
As atividades ocorreram em quatro ESFs e no CAPS. As participantes foram mulheres, com mais de 60 anos, tendo residido parte da vida na área rural, e agentes comunitárias de saúde. Em formato de oficinas, os assuntos foram abordados através de observação de exemplares vegetais, histórias de vida, fotografias, desenhos, colagens, sensações de sabor e odor, notícias veiculadas por jornais e rádio, poesias de Manoel de Barros, crônicas de Ana Primavesi, músicas, vídeos, redação, artesanato, jogos.

Resultados
Emergiram, além de informações da farmacopéia, nomes de plantas no dialeto taglian, receitas com PANCs locais, dados sobre sazonalidade de frutas, verduras e flores, reflexões sobre impactos de agrotóxicos, alertas sobre preparos milagrosos com vegetais, atenção quanto às interações entre medicamentos e plantas, e, histórias que reforçam as múltiplas dimensões do cuidado. A confluência de saberes materializou-se em sorrisos, e, em um livro com ilustrações e anotações sobre as plantas abordadas.

Análise Crítica
Miramos além dos limites do corpo, percebemos a sutileza deste ao expandir-se pelo território. Vivenciamos autonomia e co-responsabilidade sobre a vida. Nos corredores, diálogos ampliaram-se, despertos por galhos que saltavam corpos e sacolas, provocando interesse de profissionais de saúde, servidores e comunitários que buscavam conhecimento, elaboravam perguntas, compartilhavam memórias. Construiu-se laços que retroalimentam-se na complementaridade dos saberes sobre cuidado, direito, SUS.

Conclusões e/ou Recomendações
Relações de confiança, produzidas por diálogos horizontais e pautadas na compreensão de diferenças, convidam a emergir a diversidade de saberes. O surgimento de olhares múltiplos, além de resgatar e valorizar a memória cultural, considera a subjetividade. Através do compartilhamento do sensível, nos aproximamos da arte de cuidar. Neste sentido, a relação entre humanos e plantas apresenta-se como despertar de laços e ações no campo da saúde.