Comunicação Coordenada

24/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC8.4 - CULTURAS POPULARES E PROFISSIONAIS E A DISCURSIVIDADE DOS INDICADORES DE SAÚDE

39354 - RENASCIMENTO PSICODÉLICO BRASILEIRO: ESPECIFICIDADES E IMPLICAÇÕES NA SAÚDE MENTAL E POLÍTICAS PÚBLICAS
IAGO LÔBO - ISC / UFBA


Apresentação/Introdução
Atualmente vivemos o que vem sendo chamado de Novo Renascimento Psicodélico: a retomada de pesquisas e práticas clínicas associadas às substâncias psicodélicas, iniciadas nas décadas de 50 e 60, e interrompidas na década de 70 por consequência do proibicionismo. O Brasil tem um lugar de destaque nesse cenário, sendo o terceiro país do mundo com mais artigos acadêmicos publicados sobre a temática.

Objetivos
Faremos uma análise da sociogênese do Renascimento Psicodélico Brasileiro, aqui entendido como um fenômeno sócio-histórico, analisando as estruturas e condições que influenciam na emergência do campo, com fins a evitar sua "amnésia da gênese".

Metodologia
A pesquisa utiliza da perspectiva da teoria social de Pierre Bourdieu para analisar a formação do objeto social, pelo alinhamento com a compreensão que o autor faz sobre a História enquanto “recurso poderoso para a ruptura do senso comum, operação necessária para a construção do conhecimento científico”. A construção de uma linha histórica a partir da literatura especializada e entrevista com pesquisadores especialistas permitirá a compreensão da permanência ou alteração das estruturas e valores presentes no determinado contexto histórico e social, além de evidenciar as relações (convergentes e divergentes) entre agentes envolvidos no processo, que compõem o processo de institucionalização.

Resultados
O andamento da pesquisa nos permite a apresentação de um campo (ou seja, “um segmento do social, cujos agentes, indivíduos e grupos têm disposições específicas”, delimitados pelos valores ou formas de capital que lhe dão sustentação) que chamamos aqui de “campo psicodélico brasileiro”. Compõem este campo heterogêneos agentes e instituições: povos originários que fazem uso tradicional de psicodélicos; cientistas pesquisadores de psicodélicos; redutores de danos e profissionais da saúde que fazem acompanhamento terapêutico de usuários de psicodélicos; membros de movimentos sociais antiproibicionistas que pautam a regulamentação das substâncias psicodélicas; usuários sociais e psiconautas.

Conclusões/Considerações
O atual Renascimento Psicodélico representa importantes avanços metodológicos e bioéticos na pesquisa clínica com psicodélicos, desfazendo mitos proibicionistas e ampliando as evidências terapêuticas dos seus usos. Para que não se perpetuem, entretanto, inequidades sistêmicas precisamos de novas pesquisas que evidenciem a origem e saber indígena sobre essas substâncias, bem como garantir a participação popular nos processos de regulamentação.