Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC8.3 - TEORIAS, METODOLOGIAS E EXPERIÊNCIAS EM SAÚDE EM CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS

42372 - MIGRAÇÃO E EXPERIÊNCIAS SOCIOCULTURAIS EM SAÚDE
FABIANA CHICRALLA SIQUEIRA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ), PAULA COLODETTI SANTOS - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ)


Apresentação/Introdução
Na atualidade assistimos a um incremento dos deslocamentos humanos, sobretudo de refugiados. O Brasil vem sendo impactado pelas migrações, acolhendo um número cada vez maior de pessoas de diferentes nacionalidades. Nesse contexto, é um desafio garantir acesso equânime e cuidado à saúde culturalmente competente - em especial à saúde mental- à populações com experiências socioculturais tão diversas

Objetivos
Investigar como os refugiados da República Democrática do Congo lidam com a experiência de sofrimento - não necessariamente de ordem patológica, mas como algo inerente à vida — e quais recursos colocam em cena quando em território brasileiro

Metodologia
Fruto de uma pesquisa de mestrado, este estudo de metodologia qualitativa e etnográfico, finalizado em 2021, é composto por observação participante e entrevistas, realizado no bairro de Brás de Pina – zona norte do município do Rio de Janeiro, onde, no período, residiam o maior número de refugiados e solicitantes de refúgio de nacionalidade congolesa no município. A partir das observações tecidas no campo e do levantamento bibliográfico foi possível reconhecer as diferenças socioculturais que atravessam os congoleses e dessa forma problematizar o discurso hegemônico da biomedicina na atualidade que acaba por corroborar com uma leitura estigmatizante do processo migratório

Resultados
O campo da saúde e migração é complexo. Ao aportar no Brasil, os refugiados e solicitantes de refúgio congoleses enfrentam não somente barreiras de acesso aos serviços, como também uma lacuna na compreensão de outras formas de conceber o processo saúde x doença. Nesta pesquisa, os entrevistados não apresentaram uma percepção de sofrimento sob modelo biomédico - prática hegemônica em saúde no Brasil, que se difere radicalmente de outras práticas nas sociedades africanas. Dessa forma, o estudo coloca em questão a universalidade da utilização da estrutura ocidental, sobretudo quando falamos em saúde mental; ressaltando a importância em contextualizar a experiência de sofrimento.


Conclusões/Considerações
O cuidado à saúde à população migrante e refugiada nos aponta o desafio em construir serviços que façam frente à necessidades tão diversas, sem que isso os estigmatize por suas especificidades. Buscar vencer as iniquidades no acesso à saúde, exige fortalecer o diálogo com recursos terapêuticos que sejam validados e que façam sentido para essa população, como a construção de práticas baseada no modelo biomédico com o tradicional africano