Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC8.3 - TEORIAS, METODOLOGIAS E EXPERIÊNCIAS EM SAÚDE EM CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS

40030 - POTENCIALIDADES E DESAFIOS DA APLICABILIDADE DO “RIO DA VIDA” COMO ABORDAGEM METODOLÓGICA E DE CUIDADO COM PESSOAS EM USO PROBLEMÁTICO DE DROGAS
DANIELA SOUSA DE OLIVEIRA - FIOCRUZ, DAIS GONÇALVES ROCHA - DEPARTAMENTO DE SAÚDE DE SAÚDE COLETIVA. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA.


Apresentação/Introdução
O Rio da Vida é uma metodologia baseada na metáfora do rio e aplicada na pesquisa participativa baseada na comunidade. Visa conhecer e compreender os caminhos e vivências nas buscas por cuidados. Foi utilizado em pesquisa de mestrado com usuários de um Centro de Atenção Psicossocial III de álcool e outras drogas-CAPSad, por permitir visualizar lugares formais e informais do percurso das pessoas.


Objetivos
Descrever potencialidades e desafios da implementação da metodologia do Rio da Vida, com pessoas no contexto de uso problemático do álcool e outras drogas, na perspectiva de avançar no uso das abordagens participativas no campo da Saúde Coletiva.



Metodologia
Sistematização das aprendizagens metodológicas a partir de uma pesquisa participativa do tipo pesquisa-intervenção, no CAPSad do Distrito Federal, no ano de 2021, aprovada no CEP FS/UnB. Envolveu dez usuários cujos critérios de exclusão foram: tutelados, estar sob efeitos de drogas e menores de 18 anos; e incluídos usuários com no mínimo de 6 meses no serviço. Os encontros para construção do Rio da Vida, com duração de duas horas, foram gravados com aplicativo no celular e, posteriormente, transcritos e interpretados por análise temática simples. Entre as categorias destacaram-se: desafiando os andantes, cartas flutuantes de cuidados e catalisadores afetivos.


Resultados
A incipiência da produção científica em língua portuguesa e inglesa sobre os usos do Rio da Vida não foi obstáculo. O processo e os resultados corresponderam às expectativas das pesquisadoras ao favorecer a expressão dos usuários, que são discriminados e marginalizados, especialmente no contexto atual de conservadorismo e retrocessos na atenção psicossocial no país. Na visão dos participantes “ajudou” na reflexão pessoal de forma criativa com partilha das narrativas dos desenhos e orais. Tem potencial de uso terapêutico e apontou para o binômio cuidado e cidadania - “cuidadania” e construção de projetos de vida ao final da reflexão sobre o fluxo, desvios dos rios e potencialidades.


Conclusões/Considerações
Contribuiu para legitimação de estratégias de cuidados formais e informais ao revisitar o vivido. Valorização dos saberes e práticas na perspectiva da subjetividade dos usuários. Rompe com a alienação das metodologias verticalizadas. A abordagem parte para as práxis como elemento de transformação, aquecido pelos encontros problematizadores ao entender os envolvidos da pesquisa como co-produtores, sob prisma da dialogicidade.