Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC8.3 - TEORIAS, METODOLOGIAS E EXPERIÊNCIAS EM SAÚDE EM CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS

38982 - PENSAMENTO NEGRO DECOLONIAL E FEMINISMO NEGRO: CAMINHOS PARA A REORIENTAÇÃO DA FORMAÇÃO EM SAÚDE
DYANA HELENA DE SOUZA - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, DAIS GONÇALVES ROCHA - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA


Apresentação/Introdução
Esta pesquisa, de um mestrado em Saúde Coletiva, propôs produzir evidências sobre a inserção da Saúde da População Negra nos cursos de graduação em Saúde Coletiva, Enfermagem e Medicina, de uma universidade pública brasileira, da região centro-oeste. A fundamentação teórico-metodológica baseou-se nas contribuições da Epistemologia Feminista Negra e da Perspectiva Negra da Decolonialidade.

Objetivos
Evidenciar caminhos para a reorientação da formação em saúde à luz do pensamento negro decolonial e do feminismo negro.

Metodologia
Estudo de natureza qualitativa com abordagem do tipo pesquisa-intervenção. Critica-se a forma de pesquisar da dita modernidade, que se baseia na primazia da racionalidade, na negação da complexidade da realidade e sua fragmentação. À luz do feminismo negro e do pensamento negro decolonial realizamos análise documental dos programas das disciplinas e; oficinais com as/os docentes que compõem os Núcleos Docentes Estruturantes dos cursos analisados, no período de 2019 a 2020. A partir da análise temática simples discutimos as seguintes categorias: inserção da saúde da população negra nos cursos; fatores críticos para inserção da temática; ações afirmativas e branquitude docente na graduação.

Resultados
A fundamentação teórico-metodológica do estudo possibilitou desvelar a colonização dos currículos dos cursos participantes. A saúde da população negra é referida, pontualmente, na sua maioria, com foco em doenças prevalentes, nos semestres iniciais dos cursos. Sem proporcionar reflexões sobre a questão racial brasileira e reprodução de práticas racistas na atuação de profissionais da saúde, predomina uma branquitude docente nos cursos analisados. Há uma recusa no reconhecimento “do seu racismo”, mas apenas do “racismo do outro”, inclusive colocando-se ausente nesse processo, com tentativas de reafirmação de que apenas a discussão de classe social é suficiente para abarcar as opressões.

Conclusões/Considerações
Reconhecemos as lutas e resistências do movimento negro para conquistas na saúde e educação, sobretudo na desconstrução do mito da democracia racial e enfrentamento ao Racismo Institucional. Destaca-se a urgente necessidade reorientação da formação em saúde com base em currículos decoloniais, pautada em matrizes epistemológicas que têm sido marginalizadas no campo da saúde. O plano de ação produzido nas oficinas sinaliza caminhos.