22/11/2022 - 08:30 - 10:00 CC8.1 - INTERCULTURALIDADE, PLURIVERSALIDADE E SAÚDE |
40871 - RAPÉ: MEDICINA TRADICIONAL INDÍGENA NAS CERIMÔNIAS DE XAMANISMO EM MANAUS LUIZ OTÁVIO DE ARAUJO BASTOS - UFBA, YEIMI ALEXANDRA ALZATE LÓPEZ - UFBA, LENY ALVES BONFIM TRAD - UFBA
Período de Realização A experiência relatada vem sendo realizada desde agosto de 2021 até o presente momento.
Objeto da experiência Tem como objeto o uso de rapé na cidade de Manaus, a partir da visão de uma associação indígena que trabalha com medicina tradicional indígena.
Objetivos Relatar a experiencia de trabalho de pré-campo da pesquisa de mestrado sobre o uso de rapé, como medicina tradicional indígena, por parte de não indígenas na cidade, sob uma perspectiva de cuidado intercultural.
Metodologia Um grupo de xamanismo em Manaus tem se engajado na criação de um espaço cuja proposta contempla cuidados na cultura indígena e resgate da medicina tradicional: o Centro de Tradição Indígena e Terapias Complementares Shubuã Tapu Kayati - Centro de Cura na Floresta. No momento, foi criada uma associação numa tentativa de angariar fundos para execução de projetos relacionados à temática. A experiência se baseia da “participação observante” do autor principal, enquanto membro dessa associação.
Resultados Rapé é o termo utilizado para diferentes substâncias de origem vegetal aplicadas em pó pela via nasal. A associação do povo Huni Kuin em Manaus trabalha com a comercialização de rapé, atendimentos espirituais e cerimônias de xamanismo. O rapé é relacionado com melhora de quadros respiratórios agudos, ansiedade/estresse e dependência de álcool, cigarro e outras drogas, assim como proporciona o autoconhecimento e estudo dentro do xamanismo, quando utilizado conjuntamente com dietas espirituais.
Análise Crítica A comercialização do rapé enquanto medicina tradicional indígena tem demarcado o protagonismo indígena nas cerimônias de xamanismo na cidade, local de disputa com outras tradições ayahuasqueiras e new-age. Apesar da medicina tradicional indígena ser classicamente associada a plantas medicinais e ao partejar, deixa também clara sua correlação com o xamanismo enquanto prática terapêutica, reforçando a identidade étnica dos seus praticantes na cidade de Manaus.
Conclusões e/ou Recomendações A partir de uma leitura do Bem Viver, é destacado o aspecto da espiritualidade de humanos e não-humanos como central nas práticas de cuidado com rapé. Consoante à efetivação da articulação de saberes no cuidado intercultural, componente aclamado nas políticas de saúde indígena, contribui para uma maior integralidade do cuidado com indígenas na cidade ou em territórios tradicionais e para a construção de novas práticas em saúde.
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