Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC8.1 - INTERCULTURALIDADE, PLURIVERSALIDADE E SAÚDE

40013 - REAGREGANDO O EVENTO DO NASCER A PARTIR DA TEORIA ATOR-REDE
BRUNA EVANGELISTA ROSA - UFVJM, LUCIANA RESENDE ALLAIN - UFVJM


Apresentação/Introdução
O evento do nascer no Brasil vem apresentando atualmente claras disputas de interesse. Desde meados do século XX que reinvindicações femininas retomam a importância do protagonismo das parturientes e defendem o nascimento como um processo biopsicossocial não patológico. Porém o cenário coletivo que temos hoje revela uma realidade oposta a este movimento, que hoje chamamos por humanização.

Objetivos
Mapear as principais redes e suas controvérsias em torno do evento do nascer no Brasil, do começo do século XIX ao início do século XXI. Analisar o evento do nascer no Brasil em diálogo com a proposição cosmopolítica.

Metodologia
Através da Cartografia das Controvérsias, uma versão didática da Teoria Ator-Rede(TAR), foi traçada uma historiografia do parto e nascimento que nos possibilitou mapear as principais controvérsias do evento no nascer do Brasil entre os séculos XIX e XXI. A TAR compõe uma sociologia das associações, que realoca os conceitos tradicionais de cultura e natureza, trazendo uma outra percepção do social e dos saberes, o que nos possibilita dialogar sobre as epistemologias, mas também sobre as próprias ciências da saúde. A Cartografia das Controvérsia se dá através de cinco lentes de observação: dos argumento à literatura (1) aos atores (2) às redes (3) aos cosmos (4) à cosmopolítica (5).

Resultados
Foram mapeadas duas principais redes do evento do nascer no Brasil ao longo dos séculos XIX, XX e XXI, rede dos médicos e rede das parteiras. A rede dos médicos está conectada aos saberes biomédicos, a instituição hospitalar, as políticas eugenistas e a Modernidade. A rede das parteiras está conectada aos movimentos feministas, ao protagonismo das parturientes e a percepção do parto e nascimento como biopsicossocial. A realidade atual e as controvérsias revelam ser a rede dos médicos a mais conectada e fortalecida, em comparação a rede das parteiras. Tal resultado se dá pelas disputas de interesse ao longo dos séculos, sendo o aliado determinante da força da rede dos médicos, a Modernidade.

Conclusões/Considerações
A grande aliada da rede dos médicos e do modelo hospitalar que temos hoje é a Modernidade. Porém dentro do debate dos outros saberes e das práticas ecológicas, a vida está ligada ao cosmos. Talvez as altas taxas de mortalidade materna estejam diretamente conectadas a impossibilidade de diversidade do evento do nascer, onde a humanização não esteja dentro dos hospitais, mas que seja possível outros mundos, e o nascer nesses outros.