Sessão Assíncrona


SA7.3 - GESTÃO DO TRABALHO EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)

44060 - USO DA TELEMEDICINA ENTRE ESPECIALIDADES MÉDICAS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
PAULO HENRIQUE DÁNGELO SEIXAS - FCMSCSP, SABADO NICOLAU GIRARDI - NESCON/UFMG, CRISTIANA LEITE CARVALHO - NESCON/UFMG, JACKSON FREIRE ARAÚJO - NESCON/UFMG, SILVIA REGINA BERTOLINI - CEALAG, SAMUEL ARAUJO GOMES DA SILVA - NESCON/UFMG, VALÉRIA MORGANA PENZIN GOULART - FIOCRUZ, LEDA ZORAYDE DE OLIVEIRA - FIOCRUZ, DANIELE BIVANCO-LIMA - FCMSCSP


Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 acelerou incorporação de novas ferramentas na prática médica como a telemedicina, como alternativas às barreiras de acesso e necessidade de isolamento social. No entanto, as características dos arranjos assistenciais impuseram desigualdades na incorporação da telemedicina, junto as especificidades da organização do trabalho das diferentes especialidades médicas.

Objetivos
Analisar relato sobre a incorporação do uso da telemedicina e motivação para incorporação por médicos de diferentes especialidades. Analisar o tipo de arranjo assistencial associado às diferentes incorporações da telemedicina.

Metodologia
Foi realizado um inquérito como parte do Estudo sobre Formação, Exercício e Alocação de Médicos Especialistas no Brasil, entre outubro de 2020 e janeiro de 2021 (MS/FIOCRUZ). O público-alvo foi de médicos cadastrados na Universidade Aberta do SUS (N=19.258) e contatos de estabelecimentos com registros ativos de médicos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (N=111.287). Enviado formulário online para o e-mail dos contatos, com questões sobre formação, arranjos de prática, impactos da pandemia e uso da telemedicina. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fiocruz e todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Resultados
Houve 1983 (1,5%) respondentes e 13% relataram utilizar telemedicina previamente. Houve adesão à telemedicina em 34,3% dos respondentes, 23,6% pretende utilizar no futuro e 29,1% não utiliza e não tem motivação. As especialidades cirúrgicas e de apoio diagnóstico relataram maior resistência e especialidades clínicas, de saúde mental e generalistas referiram maior adesão antes e durante a pandemia. A maior proporção (50,3%) dos médicos relatou uso em consultório próprio ou domicílio, 23% em serviços públicos e 25,1% em serviços privados. Médicos de família e generalistas relatam o uso em maior proporção nos serviços públicos, enquanto os especialistas referem uso em consultório próprio.

Conclusões/Considerações
Houve incorporação importante do uso da telemedicina na prática médica segundo relato, porém há concentração da tecnologia nos segmentos privados e autônomos. O acesso à telemedicina não deve incrementar as desigualdades existentes na atenção à saúde. Há necessidade de políticas indutoras de incorporação no Sistema Único de Saúde, contribuindo para ampliação do acesso e de avanços na regulação técnica e do trabalho desta prática.