SA7.1 - SAÚDE DO TRABALHADOR (TODOS OS DIAS)
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42550 - ENVENENAMENTOS POR ANIMAIS PEÇONHENTOS COMO ACIDENTES DE TRABALHO NO BRASIL JUCIANE CARLA SANTOS DE JESUS - UFBA, ANA CAROLINE CALDAS DE ALMEIDA - UFBA, MARIANA BRITO GOMES DE SOUZA - UFBA, TATIANE COSTA MEIRA - UFBA, YUKARI FIGUEROA MISE - UFBA
Apresentação/Introdução Os envenenamentos por animais peçonhentos são considerados um problema de saúde pública no Brasil. Estes agravos são potencialmente letais, geram custos diretos e indiretos referentes ao tratamento e a carga da doença e são frequentes durante o exercício laboral, tornando, portanto, a qualidade do registro do campo acidente de trabalho (AT) é essencial para identificação dessa relação.
Objetivos Descrever a ocorrência de acidentes por animais peçonhentos relacionados ao trabalho no Brasil (2007-2019) e a relação do não-preenchimento do campo acidente de trabalho com o número de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CERESTs).
Metodologia Dados sobre acidentes por animais peçonhentos (serpente, escorpião e aranha) foram obtidos do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (2007-2019). Casos classificados como acidente de trabalho foram identificados pelo campo “doenca_tra”. Estimou-se a frequência absoluta e relativa de casos classificados e não classificados como AT. Foi estimado o coeficiente de correlação de Spearman entre o total de casos com dados perdidos (informação ignorada e missing) para o campo “doenca_tra” e o número de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CERESTs), por estado. O quantitativo estadual de CERESTs foi obtido no site da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador.
Resultados Notificou-se 1.871.462 casos desses acidentes no Brasil (2007-2019), dos quais 13,8% foram considerados AT. Do total de AT, 44,1% foram por ofidismo, 37,0% por escorpionismo e 18,9% por araneísmo. Norte, Sul e Sudeste notificaram, respectivamente, a maioria dos AT por ofidismo (35,0%), araneísmo (56,1%) e escorpionismo (53,3%). Nordeste e Norte obtiveram maior percentual de dados perdidos para o campo “doenca_tra”, com 17,9% e 16,4% respectivamente. Observou-se correlação inversa entre o número de CERESTs no estado e o percentual de dados perdidos para AT para ofidismo (coef= -0,09), araneísmo (coef= -0,11) e escorpionismo (coef= -0,22), porém sem significância estatística (p>0,05).
Conclusões/Considerações AT foi mais comum entre casos de ofidismo, agravo historicamente relacionado à agropecuária. Menor registro de araneísmo e escorpionismo como AT poderia ser reflexo da menor visibilidade de ocupações informais, realizadas nos domicílios, onde esses são mais comuns. A completude do campo “doenca_tra” foi desigual entre regiões. Apenas a presença de CERESTS foi aparentemente insuficiente para mitigar perdas de informação sobre AT nos estados.
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