SA7.1 - SAÚDE DO TRABALHADOR (TODOS OS DIAS)
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39225 - OS ACIDENTES DE TRABALHO FATAIS DE MORADORAS DE CAMPINAS – SP (2019) SOB A PERSPECTIVA DE GÊNERO THAMIRIS GOMES SMANIA - UNICAMP, CAROLINA GERONIMO - UNICAMP, RICARDO CARLOS CORDEIRO - UNICAMP
Apresentação/Introdução A precarização do trabalho afeta homens e mulheres, contudo, esse processo para as trabalhadoras é mais forte e significativo devido às desigualdades de gênero. Apesar dos homens apresentarem maior risco de acidente de trabalho fatal (AT), a feminilização do trabalho, principalmente no mercado informal, precário, e a violência urbana, acarretam mudanças na morbi-mortalidade dessa população.
Objetivos Os objetivos foram identificar, dentro do total de mortes violentas, os óbitos das moradoras de Campinas–SP em 2019 decorrentes de acidentes de trabalho; o contexto dessa violência na perspectiva de gênero, e outros possíveis impactos dessas mortes.
Metodologia Um questionário semiestruturado de Autópsia Verbal foi aplicado para as mortes violentas de moradoras de Campinas em 2019. Por meio de dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, provenientes das Declarações de Óbitos e da informação sobre o local de residência, fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde, a família da vítima foi localizada. Obtiveram-se informações sobre as circunstâncias da morte, perfil sociodemográfico, situação ocupacional e vínculo empregatício no momento do óbito. Os AT fatais foram classificados em três grupos, de acordo com as circunstâncias em que ocorreram: AT crime (ação criminosa), AT estrito (estritamente da atividade laboral) e AT trânsito (transporte).
Resultados Em 2019, 64 moradores de Campinas faleceram em decorrência de AT, sendo que 56 (87,5%) eram homens e 8 (12,5%), mulheres. Destas trabalhadoras, 2 (25%) tinham empregos formais e 6 (75%) informais. A maioria era trabalhadora de serviços e vendedora, evidenciando, assim, a intrínseca presença do trabalho precário e instável no cotidiano das vítimas. As mulheres eram, majoritariamente, brancas (62,5%), solteiras (50%), com 0 a 12 anos de estudo, em plena idade produtiva (a mais jovem tinha 25 anos e a mais idosa 75 anos), e 6 trabalhadoras (75%) tinham pelo menos 1 filho. Quanto à classificação, foram 4 (50%) AT/crime, 3 (37,5%) AT/trânsito e 1 (12,5%) AT/estrito.
Conclusões/Considerações Apesar da morte de trabalhadoras apresentarem menor magnitude em relação aos homens, este estudo identificou que a maior parte das mulheres vítimas de AT apresentava vínculo de trabalho informal, instável e precarizado. Os principais fatores de risco foram trabalhar nas últimas horas da noite, nas ruas, sozinhas, em zonas de alta criminalidade, término de relacionamento e violência de gênero; configurando, assim, um cenário de vulnerabilidade.
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