24/11/2022 - 08:30 - 10:00 CC7.6 - PROMOÇÃO DA SAÚDE NO TRABALHO |
39848 - TRABALHO E SAÚDE DE MULHERES TRABALHADORAS RURAIS EM NOVA OLÍMPIA, MATO GROSSO LUCIMARA BESERRA - ENSP-FIOCRUZ, ÉLIDA AZEVEDO HENNINGTON - ENSP-FIOCRUZ, MARTA GISLENE PIGNATTI - UFMT
Apresentação/Introdução O trabalho no campo é essencial para a produção e reprodução da vida social. A pesquisa foi desenvolvida com trabalhadoras de assentamentos rurais em Nova Olímpia, MT, cuja principal atividade econômica é o plantio e transformação industrial da cana-de-açúcar. No contexto do agronegócio, a dinâmica de exploração-dominação do capital e opressões cotidianas invisibilizam o trabalho das mulheres.
Objetivos Compreender as condições de trabalho e saúde de trabalhadoras rurais no contexto do agronegócio em Nova Olímpia, Mato Grosso.
Metodologia Foram realizadas 11 entrevistas semiestruturadas com trabalhadoras rurais, no período de outubro e novembro de 2021. A categorização e análise dos dados foi feita com base na Análise Temática e à luz da interseccionalidade e da perspectiva ergológica. A Ergologia investiga do ponto de vista de quem trabalha o debate de normas e valores que recria de forma contínua e permanente a atividade humana. A interseccionalidade discute os vários sistemas de opressão e injustiça social que se entrelaçam e se sobrepõem na sociedade capitalista, demonstrando que as diferenças de classe, o racismo, o sexismo e o patriarcado são inseparáveis e tendem a afetar, discriminar e excluir pessoas ou grupos.
Resultados Longas jornadas de trabalho, alta demanda física, baixo retorno financeiro e sobrecarga de atividades produtivas com as atividades reprodutivas - trabalho doméstico e de cuidado ligados à divisão sexual do trabalho - caracterizaram as condições de trabalho das mulheres. Foram identificados distúrbios osteomusculares, sofrimentos e adoecimentos mentais, exposição aos agrotóxicos e a violência doméstica como principais agravos relacionados ao processo saúde-doença. Ausência de incentivos públicos para a agricultura familiar e a falta de água para manter a produção agrícola e pecuária foram apontadas como problemas, compondo um cenário de vulnerabilização socioambiental.
Conclusões/Considerações Em um contexto de fortalecimento político, econômico e social do modelo de produção excludente do agronegócio, persiste a realidade histórica brasileira de condições precárias de vida das trabalhadoras do campo. É necessário a implementação de políticas públicas de incentivo à agricultura familiar e da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta e o fortalecimento da organização política das mulheres do campo.
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