23/11/2022 - 08:30 - 10:00 CC7.4 - VIGILÂNCIA DE ACIDENTES E DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO |
42093 - ACIDENTES DE TRABALHO POR ANIMAIS PEÇONHENTOS EM ADOLESCENTES NO BRASIL ANA CAROLINE CALDAS DE ALMEIDA - UFBA, YUKARI FIGUEROA MISE - UFBA, FERNANDO MARTINS CARVALHO - UFBA
Apresentação/Introdução A presença de animais peçonhentos no trajeto/ambiente laboral pode favorecer a ocorrência de acidentes de trabalho (AT). A iminência deste risco ocupacional impede que menores de 18 anos ocupem funções listadas como as Piores Formas de Trabalho Infantil (LISTA TIP). Apesar desse impeditivo legal, esses envenenamentos representam uma das principais causas de AT em menores de idade no Brasil.
Objetivos Descrever a incidência e as características clínicas-epidemiológicas dos acidentes de trabalho por animais peçonhentos em adolescentes no Brasil (2007-2020).
Metodologia Estudo transversal sobre os casos de AT por animais peçonhentos em indivíduos com 15 a 17 anos, notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Brasil (2007-2020). Frequências absolutas/relativas foram estimadas para as variáveis: sexo, idade, raça/cor, ocupação, zona de ocorrência, tempo até assistência, agente etiológico, estadiamento clínico e evolução. Incidência acumulada de AT por animais peçonhentos em adolescentes, entre 2007-2020, foi estimada considerando o somatório da população de 15 a 17 anos ocupada, nesse período, obtida por extrapolação/interpolação dos dados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Resultados Entre 2007-2020, 9.327 casos de AT por animais peçonhentos em adolescentes foram notificados no Brasil. Os AT foram mais frequentes no Norte (30,2%) e Sudeste (30,1%). A incidência acumulada destes AT foi de 6,5 casos/100.000 trabalhadores adolescentes, no Brasil, sendo maior na região Norte (19,1 casos/100.000 trabalhadores adolescentes). Do total de casos de AT investigados, a maioria ocorreu em adolescentes com 17 anos (43,8%), do sexo masculino (83,1%), com raça/cor parda (50,8%), com ocupação agropecuária (23,2%), acidentados na zona rural (77,2%), por serpentes (49,5%), atendidos até 1 hora após o acidente (36,8%), com estadiamento clínico leve (66,3%) e evolução em cura (94,0%).
Conclusões/Considerações O Norte do Brasil é o local de maior risco de AT por esses animais em adolescentes. O Norte tem vasta zona rural, crescente setor agropecuário e desmatamento, fatores relacionados a estes agravos, em especial os ofídicos. O perfil dos AT indica possíveis atributos de vulnerabilidade, como ocupação agropecuária, ser homem e raça/cor parda. Apesar do desfecho benigno, tais agravos ocasionam sofrimento/sequelas, riscos previstos no trabalho precoce.
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