Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC7.2 - TRABALHO EM SAÚDE

42412 - A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM CINCO CAPITAIS BRASILEIRAS: EFEITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS PARA OS TRABALHADORES
MARCIA VALERIA GUIMARAES CARDOSO MOROSINI - EPSJV/FIOCRUZ, MARCIA TEIXEIRA - ENSP/FIOCRUZ, ANGELICA FERREIRA FONSECA - EPSJV/FIOCRUZ, FILIPPINA CHINELLI - EPSJV/FIOCRUZ, IALÊ FALLEIROS BRAGA - EPSJV/FIOCRUZ, CARLA CABRAL GOMES CARNEIRO - EPSJV/FIOCRUZ, ANNA VIOLETA DURÃO - EPSJV/FIOCRUZ, RENATA REIS BATISTELLA - EPSJV/FIOCRUZ, GUSTAVO REGO MULLER DE CAMPOS DANTAS - SES/RECIFE, RENATO PENHA DE OLIVEIRA SANTOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO BAIANO


Apresentação/Introdução
Desde 2017, as políticas relativas à Atenção Primária vêm sofrendo sucessivas alterações com implicações para o modelo de atenção, a organização e gestão dos serviços que promovem precarização do trabalho e restringem o direito à saúde. O estudo enfoca os efeitos de tais inflexões para os trabalhadores da Estratégia Saúde da Família (ESF) no contexto pandêmico, em cinco capitais brasileiras.

Objetivos
Analisar a configuração, as relações e condições de trabalho na ESF, abrangendo aspectos objetivos e subjetivos, relacionando-os às particularidades dos contextos locais, com destaque para a percepção dos trabalhadores.

Metodologia
Estudo qualitativo, com aporte de informações quantitativas sobre o trabalho na ESF, abrangendo Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Palmas e Porto Alegre. O desenho compõe-se de 3 eixos de investigação: 1) informações de acesso público disponíveis no CNES e na plataforma e-gestor sobre o trabalho na ESF; 2) documentos políticos e normativos relativos à APS, com inflexões sobre o trabalho na ESF; 3) da narrativa dos trabalhadores, construída a partir de entrevistas semiestruturadas com agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos, realizadas com a participação de pesquisadores locais, nos referidos municípios

Resultados
Identificou-se agravamento da precarização, sobretudo associada à intensificação do trabalho, tanto pela piora nas condições de saúde da população no contexto pandêmico, como pela redução do nº de trabalhadores, por adoecimento ou demissão. Aprofundam-se os efeitos do modelo gerencialista, com diminuição ou ausência de reuniões de equipe e do trabalho coletivo, de base comunitária. Os efeitos de tais processos afetam trabalhadores de nível superior e médio, produzindo sofrimento e adoecimento. Paralelamente, os trabalhadores demonstram apreço pelo trabalho e o reconhecimento da importância da APS frente aos desafios produzidos pela crise sociosanitária em curso.

Conclusões/Considerações
As tensões que recaem sobre a ESF, associadas às mudanças nas políticas sociais e ao contexto pandêmico, têm promovido deterioração das condições e relações de trabalho, com efeitos objetivos e subjetivos que vulnerabilizam os trabalhadores. Destaca-se o sofrimento decorrente das dificuldades de realização do trabalho nos moldes de qualidade identificados com a APS integral, territorializada e participativa e para a efetivação do direito à saúde.