Comunicação Coordenada

21/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC7.1 - TRABALHO NA PANDEMIA DE COVID-19

43235 - INTERSECCIONALIDADE E TRABALHO NA PANDEMIA: SOPROS DO FEMININO
FLAVIA DE ASSIS SOUZA - EPSJV/FIOCRUZ, ANNA VIOLETA RIBEIRO DURÃO - EPSJV/FIOCRUZ, RENATA REIS CORNELIO BATISTELLA - EPSJV/FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
Esse trabalho busca analisar as trajetórias das profissionais de saúde na pandemia, com o foco nas relações de gênero, raça e classe. Para tanto trabalhamos com autores que instigam pensar essas dimensões, refletindo sobre os seus imbricamentos com a história, a memória e a experiência. Procuramos estabelecer um diálogo entre autores do materialismo histórico e autores decoloniais.

Objetivos
Analisar as trajetórias e experiências das profissionais de saúde na pandemia a partir da ótica da interseccionalidade de gênero, raça e classe.

Metodologia
Trabalho ensaístico dedicado a refletir sobre a pandemia de Covid-19 a partir das narrativas das trabalhadoras do SUS. Analisamos entrevistas com trabalhadoras da saúde de diversas unidades localizadas em diferentes regiões do país. Também analisamos as narrativas das trabalhadoras que participaram do 4º Fórum Vivo organizado pelo Projeto Respiro cujo tema foi interseccionalidade. Buscamos travar um diálogo com as histórias contadas a partir de nossos afetos: o ponto de partida é como aquela história nos impactou. Foi necessário localizar nossa escrita, pois somos duas mulheres brancas e uma negra com distintos lugares sociais. Por isso, os afetos são também diferentes.

Resultados
Utilizando a Escrevivência como recurso metodológico, buscamos expressar a conexão entre escuta e afetos. O contato com o material empírico nos levaram a pensar sobre: 1. Metáfora da guerra inscrita no feminino: mulheres são a maioria na área da saúde e a naturalização do seu fazer tem relação direta com a precarização do trabalho; 2. Mudanças no ambiente e a imprevisibilidade no trabalho: incertezas quanto aos rumos da pandemia tornaram o desassossego constante, sendo necessário modificar a organização do trabalho: procedimentos, relação com o usuário, relação espaço-tempo; 3. Outras linhas de frente relacionadas ao cuidado: trabalho doméstico, não remunerado foi intensificado na pandemia.

Conclusões/Considerações
A ausência de uma política de saúde jogou a responsabilidade do gerenciamento cotidiano para essas trabalhadoras que buscaram, dentro dos limites da sua atuação, administrar a falta de medicamentos, de EPI’s, de leitos, a perda de usuários. A exposição ao risco da Covid-19 tem relação direta com gênero e raça. São as mulheres negras que estão mais expostas ao risco, ocupando postos de trabalho precarizados e com pouco prestígio social.